“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juveni
– Desta vez, disse ele, vais para a Europa; vais cursar uma universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto:
– Gatuno, sim senhor. Não é outra coisa um filho que me faz isto…
Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele, e sacudiu-mos na cara.
– Vês, peralta? É assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas? Pelintra! Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma.”
(Machado de Assis)
A situação narrada revela uma tensão fundamentada na perspectiva do