Matar Julião Tavares não o salvaria. A subserviência se manteria. A posição de níquel social continuaria sendo o máximo a que suas pretensões o conduziriam. Matar Julião Tavares foi mesmo inútil porque não interferiu na ordem presente. Até mesmo o seu sucesso como assassino o diminui. Ninguém suspeita dele, ninguém o prende, ninguém o descobre. Nem a publicidade barata das gazetas – mesmo ínfima perto da publicidade ruidosa que se criava em torno de um assassino no tempo da infância – ele consegue. Permanece invisível, e tudo que o ato de forte vontade lhe rende é a certeza de que não pertence a ordem nenhuma.
Luís Bueno. O romance de 30.
Com que outra obra Angústia pode dialogar no âmbito da intertextualidade?