“Me avisaram do meu gabinete que eu ‘tava’ com uma marca de batom, um beijo, no rosto. É o único problema que eu não preciso nessa altura da minha vida.” A frase foi dita pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), durante a votação do pedido de habeas corpus para o ex-presidente Lula no último dia 4 de abril (2019). Antes de retomar a leitura de seu voto, depois de aparte do ministro Dias Toffoli, Barroso permitiu-se um momento de descontração. Não paira dúvida acerca da formalidade do ambiente nem se questiona o grau de conhecimento da língua portuguesa do magistrado (...). Será que o ministro errou? Segundo o sociolinguista Carlos Alberto Faraco, professor titular aposentado e ex-reitor da Universidade Federal do Paraná, não há cortes rígidos entre formal e informal, entre oral e escrito, entre “certo” e “errado”. “A mudança estilística do ministro está ligada ao assunto; as pessoas modulam a língua de acordo com interlocutores, ambiente, assunto, gênero do discurso, etc. O mais importante é fugir sempre das dicotomias. Dicotomizar a realidade linguística é falseá-la; a língua varia muito seja na fala, seja na escrita”, afirma.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/registro-linguistico-pode-variar-de-acordocom-a-situacao-e-o-assunto.shtml. Acesso em: 05.05.2020. (Adaptado)
Segundo o texto, os movimentos de variação linguística: