Meus romances e ciclos de romance são na realidade contos nos quais se unem a ficção poética e a realidade. Sei que daí pode facilmente nascer um filho ilegítimo, mas justamente o autor deve ter um aparelho de controle: sua cabeça. Escrevo, e creio que este é o meu aparelho de controle: o idioma português, tal como usamos no Brasil; entretanto, no fundo, enquanto vou escrevendo, extraio de muitos outros idiomas. Disso resultam meus livros, escritos em um idioma próprio, meu, e pode-se deduzir daí que não me submeto à tirania da gramática e dos dicionários dos outros. A gramática e a chamada filologia, ciência lingüística, foram inventadas pelos inimigos da poesia.
Guimarães Rosa (In: CEREJA, W. e MAGALHÃES, T. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 2000, p.492.)
A) Com base no depoimento acima, escreva um comentário acerca dos aspectos inovadores da linguagem utilizada por Guimarães Rosa, em suas obras.
B) “Escrevo, e creio que este é o meu aparelho de controle: o idioma português, tal como usamos no Brasil; entretanto, no fundo, enquanto vou escrevendo, extraio de muitos outros idiomas.” Explique por que o termo sublinhado tem um efeito relevante para o caráter argumentativo do trecho em análise.