Moda, consumo e lixo: a onda fast fashion - por Ycarim Melgaço, especial para o Jornal Opção
Um pouco de história da fast fashion
Até a década de 1960, o processo de tendência na moda não sofria muitas alterações. Havia apenas as quatro estações – outono, inverno, primavera e verão –, as quais os especialistas em moda planejavam com antecedência, tentando prever o que os consumidores desejariam para o vestuário de cada estação. Tudo era feito de forma mais natural. Assim, as mudanças se orientavam para as necessidades de cada estação.
A partir da década de 1990, no entanto, as empresas de moda introduziram uma estratégia para intensificar o consumo, capitaneada por um marketing agressivo ao estimular constantes trocas de roupa. A ideia era expor novos lançamentos com frequência nas vitrines. Há grifes que conseguem alterar mudanças em períodos de 15 dias. A palavra fast descreve a rapidez com que os varejistas podem levar os designs da passarela de moda para as lojas, acompanhando a demanda constante e os diferentes estilos.
Esse foi o início de uma nova era na indústria da moda e, consequentemente, na forma de usar roupas – aliás, de grande impacto. A tática na estratégia de marketing era incorporar mais temporadas e introduzi-las nas lojas. O marketing levou à criação do “movimento cinquenta e duas microestações” introduzido na moda. Atualmente, há novas coleções toda semana. Não se pode denominar isso de inovação, mas de criação de moda de vestuário. Perdeu-se quase por completo a tradição das quatro estações e, por incrível que possa parecer, vive-se um calendário de “cinquenta e duas microestações”.
Tal modelo de negócio alterou todo o processo de produção de roupas, tendo forte impacto na cadeia de suprimentos, desde as fábricas até a disponibilidade para o consumidor final. A ideia é pegar as últimas tendências das mídias sociais ou da passarela e transformá-las em uma peça de vestuário disponível em pouquíssimo tempo.
Nesse contexto, surgiu uma palavra até certo ponto mágica, responsável por uma nova tática de vendas de vestuário no mundo: fast fashion ou moda rápida. A origem do vocábulo fast fashion está na inauguração da primeira loja da Zara em Nova York, no início da década de 1990. O jornal The New York Times utilizou a expressão para descrever a missão da Zara que, em apenas 15 dias, levava uma peça do estágio de design até a venda nas lojas. Algo realmente estarrecedor, claro, baseado na supply chain, cadeia de suprimentos ultradinâmica. Apesar de a Zara receber o título de ter originado a moda rápida, vale ressaltar que esse modelo de produção já existia muito antes.
Emilia Ashton, especialista em cadeia de suprimentos, assegura que a fast fashion mudou completamente a forma como os consumidores fazem compras. Globalmente, a indústria da moda vale 2,5 trilhões de dólares e a participação da fast fashion nessa indústria continua a crescer, sendo esperados 43% até 2029.
Marcas famosas como a espanhola Zara, a sueca H&M, a americana Victoria’s Secret, a Forever 21, a American Eagle, a Abercrombie & Fiftch, a GAP, a chinesa Schein, além de outras branding distribuídas por lojas de muitos países, integram o modelo de negócio fast fashion. Embora inserido em um ambiente altamente lucrativo, tal modelo está vinculado a implicações ambientais e ao desrespeito à dignidade do trabalhador nas fábricas.
Adaptado de: www.jornalopcao.com.br/artigo-de-opiniao-2/fast-fashion-399249/
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para a alternativa a seguir de acordo com o texto:
O texto apresenta o conceito de "fast fashion" e sua evolução até a atualidade, com manifestação de opinião em alguns trechos.