Morte e vida severina
- Desde que estou retirando
só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva;
só morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida,
e o pouco que não foi morte
foi de vida severina
(aquela vida que é menos
vivida que defendida,
e é ainda mais severina
para o homem que retira).
(João Cabral de Melo Neto. Morte e vida Severina: e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 109)
Emigração e as consequências
A fome é o maior martírio
Que pode haver neste mundo,
Ela provoca delírio
E sofrimento profundo
Tira o prazer e a razão
Quem quiser ver a feição
Da cara da mãe da peste,
Na pobreza permaneça,
Seja agregado e padeça
Uma seca no Nordeste
(Patativa do Assaré. Patativa do Assaré uma voz do Nordeste. Introd. e seleção Sylvie Debs. São Paulo: Hedra, 2000, p. 93)
ABC do Nordeste flagelado
N – Naquele duro transporte
Sai aquela pobre gente
Agüentando paciente
O rigor da triste sorte
Levando a saudade forte
De seu povo e seu lugar
Sem nem um outro falar
Vão pensando em sua vida
Deixando a terra querida
Para nunca mais voltar
(Patativa do Assaré. Patativa do Assaré uma voz do Nordeste. Introd. e seleção Sylvie Debs. São Paulo: Hedra, 2000, p. 125)
Considerando os excertos acima no contexto dos poemas a que pertencem, analise a afirmativa abaixo e conclua.
O significado do adjetivo “severina”, que, no primeiro excerto, é utilizado para nomear uma espécie de “sobrevida”, caracterizada pela pobreza e pela degradação, também permeia o segundo e o terceiro excertos.