Questão
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
2013
2ª Fase
Muitas-pessoas-que516aab86395
Discursiva
“Muitas pessoas que viajam ao Oriente Médio, por exemplo, surpreendem‐se com o contraste entre as complexidades dos bazares e das ruas residenciais, entre seu apinhamento, seu alvoroço e seu barulho, e a calma e a simetria objetiva dos jardins e pátios das mesquitas. Essas ilhas de ordem em meio ao caos total são locais de comportamento formal e de rituais preestabelecidos.

Em nenhum lugar esse contraste é mais visível que na planta da cidade de Safavid, em Isfahan, Irã. A cidade foi planejada durante o reinado do Xá Abbas I (1589‐1627), e, embora tenha se tornado um grande núcleo urbano moderno e sofrido as depredações da engenharia de tráfego e das renovações urbanas, ela ainda conserva muito de sua forma original. Ao sul há um rio, o Zayandeh Rud, e ao norte encontra‐se o grande e intrincado bazar. Entre os dois há um famoso bairro com jardins, mesquitas e palácios.

Três importantes eixos, que se cruzam, criando uma sobreposição de geometrias, organizam a planta dos jardins. O primeiro consiste na artéria principal, correndo quase exatamente para o norte, desde a espetacular ponte Allahavardi Khan, que cruza o Rio Zayandeh Rud sobre 33 arcos. Esse grande bulevar possuía um canal em seu centro (ao longo do qual havia tanques de ônix cobertos de pétalas de rosas), e chamava‐se Chahar Bagh, em referência aos jardins divididos em quatro partes que havia aos seus dois lados. A forma quadrada dos jardins e os caminhos em cruz em seu interior criavam uma quadrícula rígida que contrastava com as células justapostas dos suqs1 ao norte, de menor escala e bem menos regulares. (Os jardins não existem mais, e o Chahar Bagh foi transformado em uma rua moderna e arborizada.) (...)

Comparemos a rota através do bazar com os caminhos que passam ao longo dos eixos do Chahar Bagh, da Maidan‐i‐Shah, da Mesquita do Xá ou da Mesquita da Sexta‐feira. O primeiro é uma peregrinação exploratória, desviando pelos pátios, entre o ruído dos artesãos e dos mercadores, o aroma das especiarias, e a poeira e os empurrões da multidão, com surpresas pitorescas e acidentes ao longo do caminho, típicos das áreas comerciais. Os outros são progressões lineares através de espaços simétricos, com pontos finais claros e objetivos, sempre à vista” (Charles W. Moore et alii. A poética dos jardins. Tradução de Gabriela Celani. Campinas: Editora da Unicamp, 2011, p. 172 – 174.)

O texto acima descreve dois espaços urbanos com características diferentes. A partir destas descrições e da Figura 1 (representada na página seguinte), faça dois desenhos à mão livre em perspectiva, do ponto de vista do pedestre, que representem as principais características desses dois tipos de espaços.

Técnica: desenho em grafite.



Figura 1: Os jardins quadriculados de Safavid Isfahan [planta]. (Fonte: Charles W. Moore et alii. A poética dos jardins. Tradução de Gabriela Celani. Campinas: Editora da Unicamp, 2011, p. 173.).

Legenda dos Jardins quadriculados de Safavid Isfahan:

1. Jardim dos Dervixes * 

2. Jardim das Videiras 

3. Jardim do Trono

4. Jardim dos Vizires ** 

5. Chehel Sutun

6. Hesht‐i‐Behesht

7. Jardim das Amoreiras

* Espécie de monge muçulmano que adota vida nômade e de abnegação.

** Conselheiro do sultão ou do rei nos países islâmicos.