“Não havia direitos humanos na Grécia. Isso pode soar estranho, até porque Atenas ainda hoje aparece como um momento alto, insuperado, do regime político democrático. Mas o fato é que a democracia, pelo menos entre os Antigos, não incluía o que chamamos direitos humanos, e que são uma invenção moderna. A Inglaterra, hoje sinônimo de calma resolução dos conflitos, já se viu tomada por guerras civis; e foi por ocasião de uma delas, entre 1640 e 1660, que se tornou comum a alusão aos direitos do ‘freeborn englishman’, o inglês nascido livre ou livre por nascença. [...] A Assembléia, seja ela a francesa de 1789 ou a da ONU de 1948, apenas declara os direitos, ela não os cria. A Constituição brasileira de 1988, tão difamada pelos autoritários, segue essa (boa) lição: pela primeira vez em nossa história, os direitos humanos precedem o funcionamento dos poderes de Estado”.
RIBEIRO, Renato J. Uma idéia que nasceu há 300 anos. Folha de São Paulo, 03 de dezembro de 1998.
O texto acima faz referência à criação dos Direitos Humanos, uma das grandes inovações dos revolucionários ingleses no século XVII, que surgem na Modernidade como direitos naturais, e se relaciona à