Não parece, sequer, que Pessoa tenha concebido este drama como representável: ele destina-se mais a ser lido do que a ser visto, ou antes a ser visualizado através das palavras. Imediatamente as breves indicações cênicas iniciais o insinuam: elas dirigem-se, até pela sua forma sugestiva e poética, não a um encenador virtual, mas à imaginação ideal do leitor.
O drama situa-se, assim, fora do espaço e do tempo, ou pelo menos de um tempo e de um espaço referenciáveis (...)
As três Veladoras só aparentemente são personagens distintas. As suas falas retomam-se umas às outras ao longo do drama, numa espécie de solilóquio obsessivo, reduzindo-se a três vozes que entre si se ecoam, até que a sua própria identidade se dissolve.
SEABRA, José Augusto. Fernando Pessoa ou o poetodrama. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991 (p. 26-27. grifo meu).
Assinale a alternativa que NÃO apresenta um exemplo do que o crítico literário considera como "solilóquio obsessivo".