Não tenho medo da morte
Não tenho medo da morte,
mas, sim, medo de morrer.
Qual seria a diferença,
você há de perguntar.
É que a morte já é depois
que eu deixar de respirar,
morrer ainda é aqui,
na vida, no sol, no ar,
ainda pode haver dor
ou vontade de mijar.
A morte já é depois,
já não haverá ninguém,
como eu aqui, agora,
pensando sobre o além,
já não haverá o além,
o além já será então,
não terei pé nem cabeça,
nem fígado, nem pulmão,
como poderei ter medo
se não terei coração?
[...]
Então nesse instante, sim,
sofrerei, quem sabe, um choque,
um piripaque, ou um baque,
um calafrio ou um toque,
coisas naturais da vida,
como comer, caminhar,
morrer de morte matada,
morrer de morte morrida,
quem sabe eu sinta saudade,
como em qualquer despedida.
GIL, Gilberto. Não tenho medo da morte. Disponível em:<http://letras.mus.br/gilberto-gil/1288009/>.Acesso em: 20 nov. 2014.
Comparando a composição de Gilberto Gil, “Não tenho medo da morte”, com o poema “A ficção morte”, de Sebastião Uchoa Leite, marque com V as afirmativas verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Ambos tratam do mesmo tema, embora trabalhem sob diferentes perspectivas.
( ) As vozes poéticas deixam evidente que o mistério da morte incomoda o ser humano.
( ) A ideia traumática do fim da existência humana na Terra está presente nas duas composições artísticas.
( ) A noção dualista do homem aparece claramente em “A ficção morte”, estando ausente no poema-canção “Não tenho medo da morte”.
( ) O texto de Gilberto Gil traça uma diferença entre “morte” e “morrer”, enquanto o de Sebastião Uchoa Leite trata apenas do momento final da vida terrena.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a