Questão
Universidade de Pernambuco - UPE
2010
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Nada na língua é por acaso

Tudo o que acontece numa língua viva, falada por seres humanos, tem uma razão de ser. E essa razão de ser não tem nada a ver com a preguiça, o descaso, a corrupção moral, a falta de inteligência, a mistura de raças, e outras alegações preconceituosas que vêm sendo repetidas desde antes de Cristo.

língua é uma instituição social, ela é parte integrante da vida em sociedade; por isso as mudanças que ocorrem na língua resultam da ação coletiva de seus falantes, uma ação impulsionada pelas necessidades que esses falantes sentem de se comunicar melhor, de dar mais precisão ao que querem dizer, de enriquecer as palavras já existentes com novos sentidos (principalmente os sentidos figurados, metafóricos), de criar novas palavras para dar uma ideia mais precisa de seus desejos de interação, de modificar as regras gramaticais da língua para que novos modos de pensar e de sentir, novos modos de interpretar a realidade sejam expressos por novos modos de dizer.

A mudança linguística é resultado da interação entre fatores internos – os mecanismos cognitivos que processam a linguagem dentro de nosso cérebro – e fatores externos à língua, ou seja, fatores sociais e culturais.

As mudanças linguísticas não ocorrem aleatoriamente. (...)

Quando as pessoas sem conhecimento específico dos processos de mudança falam de “erro”, na verdade o que elas estão chamando de “erro” é algum fenômeno de transformação pelo qual a língua está passando. Uma transformação que nada tem de fortuito, de casual, nem de aleatório. E que é fruto, insisto, da ação dos falantes sobre a língua.

(Marcos Bagno. Não é errado falar assim. São Paulo: Parábola, 2009, p. 44-45. Adaptado.)

Considerando o material linguístico com que se constitui o texto em análise, podemos fazer as observações explicitadas a seguir.

I. O texto fala em: “alegações preconceituosas que vêm sendo repetidas desde antes de Cristo”. O verbo sublinhado também estaria corretamente empregado em: ‘alegações preconceituosas que vierem repetidas’.

II. Em: “desejos de modificar as regras gramaticais da língua para que novos modos de pensar sejam expressos”, o segmento sublinhado poderia ser corretamente substituído por ‘para que hajam novos modos de pensar’.

III. Observe a regência verbal em: Uma transformação que nada tem de fortuito. Também seria correto dizer: ‘Uma transformação a que nada corresponde”. Ou: ‘Uma transformação a que ninguém se submete’.

IV. Em: “as mudanças que ocorrem na língua resultam da ação coletiva de seus falantes”, o verbo sublinhado também poderia estar no singular para concordar com o sujeito posposto ‘ação coletiva’.

V. A afirmação do autor em: “Uma transformação que nada tem de fortuito, de casual, nem de aleatório”, é taxativa. Pode revelar a condição de ‘certeza’ que o autor admite para sua afirmação.

Estão CORRETAS as afirmações que constam apenas nos itens
A
I, III e V.
B
I, II e V.
C
II, IV e V.
D
II, III e IV.
E
I, III, IV e V.