Nelson Rodrigues foi um mestre em muitos gêneros literários, mas foi no romance e no folhetim que encontrou a voz narrativa ideal para contar suas obsessivas histórias de amor, sexo e traição. Mas de onde ele tirava tudo aquilo? A resposta está em velhos manuais sexuais, no discurso de padres, nos consultórios dos ginecologistas e no mapa da moral (e da pegação) no Rio dos anos 60: cinemas, garçonnières, praias desertas e barzinhos que serviam como motel.
Asfalto selvagem foi uma febre ao ser publicado no Correio da Manhã, em 1960. No livro, Nelson fundiu as histórias rocambolescas que publicava com o pseudônimo Suzana Flag com a dramaturgia premiada que mostrava nos palcos da Zona Sul. O livro ainda leva uma boa dose de vida real: Nelson trouxe para a história amigos, conhecidos e até gente que mal conhecia. Personagens como o escritor mineiro Otto Lara Resende, o jornalista Wilson Figueiredo, o pesquisador musical José Ramos Tinhorão interagem com os personagens de ficção, interferem na trama e até são acusados de crimes.
(Disponível em: https://www.quatrocincoum.com.br/br/podcasts/repertorio-451- mhz/nelson-rodrigues-sexo-mentiras-e-folhetim Acesso em 29 de agosto de 2021)
A literatura pode evidenciar um rompimento com o caráter ficcional para promover outros efeitos de interpretação, isso acontece, por exemplo, nas crônicas e nos ensaios. De acordo com o texto, Nelson Rodrigues também realiza essa quebra com a ficção ao