Questão
Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC Campinas
2010
Fase Única
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Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espalhou o céu.
(Fernando Pessoa. Obras poéticas (volume único). 

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 16) (G e R, p. 148)

Nessas estrofes,
A
as marcas simbolistas estão no emprego de mar salgado e além do Bojador como alegorias da decadência de Portugal.
B
os versos livres, convocados para empolgar um tom épico, denunciam a presença de um poeta modernista.
C
os efeitos da irregularidade métrica são compensados pela estrita observância de um esquema de rimas.
D
os versos cadenciados e a eloquência da linguagem ajustam-se ao tema grandioso das glórias passadas de um povo.
E
o intimismo lírico e o tom épico contrastam admiravelmente, o que também ocorre entre o tom formal e o informal da linguagem.