Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espalhou o céu.
(Fernando Pessoa. Obras poéticas (volume único).
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 16) (G e R, p. 148)
Nessas estrofes,