Questão
Sprint ENEM
2021
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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ODE AO BURGUÊS
Mário de Andrade

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol! [...]

ANDRADE, Mário. Poesias completas. Belo Horizonte; São Paulo: Itatiaia; Editora da USP, 1987 (p. 88).

Nesse poema em forma de protesto, a voz poemática enumera uma série de insultos. A variação na função sintática dos objetos diretos sinaliza
A
uma censura que era típica dos manifestos vanguardísticos ao irem contra a tradição estética até então em voga.
B
um julgamento contra um modo de vida no qual a vida é quantificada a ponto de se tornar uma obsessão.
C
uma crítica à má distribuição de alimentos, especialmente em grandes cidades, o que faz com que alguns passem fome.
D
uma aceleração no ritmo de vida, cujas trocas fazem com que diversos segmentos da sociedade se alternem no poder.
E
um direcionamento voltado contra classes sociais abastadas porque o modernismo da primeira geração se aproximava da cultura popular.