Obra: George Orwell – 1984.
Mas Winston permaneceu mais alguns instantes em silêncio. Estava dominado por um sentimento de exaustão. Aquele tênue lampejo de entusiasmo insano voltara ao rosto de O’Brien. Ele já sabia o que O’Brien ia dizer. Que o Partido não desejava o poder em benefício próprio, mas para o bem da maioria. Que precisava ter poder porque as massas eram compostas de pessoas frágeis e covardes que não aguentam a liberdade, não conseguem encarar a verdade e precisam ser governadas e iludidas sistematicamente por outras pessoas mais fortes do que elas. Que a humanidade deve optar entre liberdade e felicidade e que, para a esmagadora maioria da população, felicidade era o melhor. Que o Partido era o eterno guardião dos fracos, uma congregação dedicada que fazia o mal para que prevalecesse o bem, que sacrificava a própria felicidade em benefício da felicidade dos demais. O terrível, pensou Winston, o terrível era que quando O’Brien dizia aquelas coisas ele acreditava. Dava para ver na cara dele. O’Brien sabia tudo. Mil vezes mais do que Winston, sabia como era o mundo realmente, conhecia a degradação em que vivia a massa da humanidade e as mentiras e barbaridades por meio das quais o Partido a mantinha assim. O’Brien compreendera e sopesara tudo, e nada mais fazia diferença: tudo se justificava em função do propósito maior. Que se pode fazer, pensou Winston, contra um maluco que é mais inteligente do que você e presta atenção nos seus argumentos, mas que no fim não faz mais que persistir em sua loucura?
A partir do texto acima, julgue os itens a seguir.
I – Os mecanismos de poder favorecem quem defende os ideais da Revolução Francesa.
II – Winston ironicamente acaba por se reconhecer enquanto peça importante para o sistema.
III – Quem detém o poder costuma também deter os meios de conhecimento.
A sequência de itens corretos é: