A PARTIR DO TEXTO A SEGUIR FAÇA O QUE SE PEDE
Por que é importante estudar fenômenos como buracos negros e a atividade nuclear das galáxias?
Thaisa Bergmann – Assim como a gente não se contenta em só conhecer a nossa cidade e quer conhecer outras cidades do mundo, os astrônomos não se contentam em estudar só a Terra, a Lua e os planetas. Eu quis estudar uma coisa mais ampla, o universo em grande escala.
Nós aqui na Terra somos só um planeta dentro de bilhões e bilhões de planetas dentro só da nossa Via Láctea. A Via Láctea é só uma das bilhões e bilhões de galáxias que existem no universo, então a gente quer saber onde isso tudo vai parar.
A importância é que nas galáxias ativas o buraco negro supermassivo no centro captura matéria. E por que esses buracos negros são importantes? A gente concluiu nos anos 1990 que praticamente toda galáxia tem um buraco negro no centro, inclusive a nossa Via Láctea – que tem um buraco negro supermassivo cuja massa é de milhões a bilhões de vezes a do Sol.
Embora esse buraco negro seja um pontinho lá no centro, ele produz efeitos na galáxia ao seu redor. Para a gente entender o universo hoje em dia, temos que entender como se formaram as primeiras galáxias, como elas evoluíram para chegar ao estágio que estão hoje.
Os astrofísicos chegaram à conclusão que a gente não pode modelar a evolução do universo sem colocar os buracos negros nos centros das galáxias. Eles são entidades essenciais pra gente entender a evolução do universo.
Sabemos que a força que domina o universo é a gravidade. Se considerarmos somente a gravidade e a observação de que o universo está em expansão, sem levar em conta os buracos negros, os modelos [matemáticos] formam galáxias gigantes, muito maiores do que as galáxias que a gente vê hoje em dia, muito maiores que a Via Láctea.
Mas se você leva em conta o buraco negro – com ele no centro – ele eventualmente captura matéria e gera um efeito que chamamos de efeito de feedback, que é a radiação e os ventos que saem da região do buraco negro que chamamos de disco de acreção, e esses ventos empurram parte da matéria que formaria novas estrelas nas galáxias.
Se você não considera a presença do efeito de feedback dos buracos negros, a galáxia resultante é muito grande. Mas se considerar os buracos negros no centro das galáxias desde o início [da existência de cada uma delas], elas vão crescendo, mas parte do material é ejetado e elas não ficam tão grandes. Por isso, o buraco negro é um elemento essencial para entendermos a evolução do universo em grande escala.
(Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/podcast/)
Segundo a entrevistada, a busca pela compreensão das galáxias se dá pela: