Questão
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
2022
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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O POEMA A SEGUIR FOI ADAPTADO DO LIVRO SONETOS DE CAMÕES: CORPUS DOS SONETOS CAMONIANOS*.

*Edição e notas de Cleonice S. M. Berardinelli. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,1980.)

SONETO II

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora.

O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza,
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro,
E o mais ledo¹ prazer em choro triste;
O tempo a tempestade em grã² bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.

¹ ledo − alegre
² grã − grande

No soneto II, o poeta descreve o impacto da ação do tempo, destacando sua capacidade de transformar algo em seu oposto.

Essa capacidade está exemplificada no seguinte verso:
A
O tempo acaba o ano, o mês e a hora, 
B
O tempo o mesmo tempo de si chora. 
C
O tempo a tempestade em grã bonança.
D
Mas de abrandar o tempo estou seguro.