(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
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Leia, a seguir, trechos da entrevista com o médico José Raimundo da Silva Lippi, concedida ao Jornal do CRMMG.
SAÚDE MENTAL DO MÉDICO ENFRENTA GRAVE CRISE
O Curso de Medicina é um dos mais procurados em todos os vestibulares do País? Por que mesmo assim a saúde mental dos médicos está posta em xeque?
É verdade que a Medicina é o curso que continua atraindo mais jovens, e NÃO foi posta em xeque a saúde mental dos médicos, como veremos. Existem muitas razões para a escolha e o adoecer do estudante e do médico. Esta profissão continua proporcionando muitas gratificações psicológicas. [...] Estas gratificações são possíveis quando o médico é vocacionado e suas atividades são exercidas
com dignidade, pois ele é um ser humano como outro qualquer. De longa data, a busca pela profissão é uma constante. No final do século 19, início do século 20, quando as famílias tinham muitos filhos, uma de suas fantasias era ter um filho médico, outro advogado e um filho que se dedicasse à vida religiosa. A Medicina sempre foi a mais disputada e os melhores alunos, vocacionados, buscavam a nobre missão de salvar vidas. Nos anos 50 do século passado, a profissão do médico era bastante valorizada no Brasil. Era importante ter relações de amizade com estes profissionais, e as famílias tinham como excelente opção de encaminhar bem uma filha na vida, fazê-la casar-se com um deles. O médico era uma opção de casamento bastante valorizada. Casar-se com um deles era uma garantia de saúde, de ter um cônjuge intelectualizado, boas posses financeiras e grande projeção social na comunidade. Essa representação social, e os próprios fatos, foram sofrendo modificações até o final dos anos 90. O início do século 21 nos apresenta uma imagem bem diferente e distante daquela época romântica da medicina.
Como se explicam as mudanças na prática médica e no Imaginário Social?
O desenvolvimento de novos recursos diagnósticos e terapêuticos, a influência da indústria farmacêutica e de equipamentos e a crescente presença das empresas compradoras de serviços médicos são fatores que têm produzido profundas transformações na nossa nobre profissão, modificando a estrutura do exercício profissional. As repercussões são enormes: perda da autonomia, na remuneração, no estilo de vida, na saúde do médico, no comportamento ético do médico e nas relações entre médicos e pacientes.
Mesmo assim, a carreira continua nobre, complexa, e exige um grande esforço para a conquista de uma vaga. [...] Toda esta transformação não é discutida e os médicos usam mecanismos de defesa psíquicos, entre eles, o processo de NEGAÇÃO para conviver com esta realidade. [...] O “PACTO DE SILÊNCIO” existente entre ele e seu paciente, com sua família, com seus amigos e com a instituição
onde trabalha é um processo negativo nas relações humanas e tem sérias consequências.
Qual o significado do Pacto de Silêncio?
A nova imagem do médico e da médica os retrata como pessoas com cinco ou seis empregos diferentes, dando plantões semanais, assoberbados (as) de trabalho, sem tempo para a família e para si mesmo (a). Assim, casar-se com um médico (a), ou ser seu filho (a), pode significar viver sem a sua presença, em geral. [...] É significativo o número de divórcios entre casais de médicos. A fantasia de ter um consultório particular em área nobre da cidade ainda é possível para alguns colegas de notório saber. Mas, cada dia, é mais distante e é para poucos profissionais. O mais frequente é o médico trabalhar para convênios e completar o baixo rendimento com plantões extensos. [...] E padecem de estigmas e expectativas sociais. Se, por um lado, podem ser objeto de adoração e reconhecimento por aqueles que gozam imediatamente dos benefícios de suas ações, por outro lado, são cobrados a nunca errar e sempre fazer viver mais, ou ainda, não deixar ninguém morrer, como se estivesse ao alcance deles o próprio dom da vida. A nossa classe reconhece que a maioria dos médicos são péssimos pacientes e que só procuram ajuda no último caso. [...] A sensação de onipotência diante dos pacientes e a vivência de alguns fracassos, muitas vezes, em locais sem nenhuma estrutura para exercer o seu mister, levam médicos a desenvolverem quadros
psiquiátricos. [...] Muitos aspirantes à carreira médica durante o curso e a vida profissional vivem em crescente TENSÃO pelo temor de falhar. Este fenômeno revela falta de desenvolvimento emocional e pode-se afirmar que, quanto mais imaturos, mais sofrida será a caminhada desses colegas. Para tentar “curar” a tensão que isso provoca, muitos se refugiam também na morfina e nos remédios de
tarja preta, sem procurar tratamento. Ao mesmo tempo, as Instituições responsáveis nada fazem para minimizar o problema!
(http://www.crmmg.org.br/interna.php?n1=13&n2=28&n3=200&pagina=209¬icia=5707 Acessado em: 15/06/2017. Adaptado.)
Segundo o médico José Raimundo da Silva Lippi, “as Instituições responsáveis nada fazem para minimizar o problema” enfrentado pelos médicos, em se tratando da tensão que muitos deles vivenciam em sua profissão.
REDIJA um texto argumentativo, apresentando algumas sugestões para os problemas apontados na entrevista, sofridos pelos estudantes de medicina e pelos médicos, que seriam concretizadas não só pelas instituições, mas também pelas famílias.