Questão
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP
2017
Fase Única
PROPOSTA-REDACA-QUE705c1ba7716
Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

QUE MAL PODE FAZER A TECNOLOGIA?

Texto 1

Celular: necessidade ou vício?
A sensação de angústia por estar sem o aparelho pode ser indício de doença 

Mãe empurrando carrinho com bebê que, sem ela perceber, atola nos buracos da calçada enquanto fala compenetrada ao celular. Pessoas atravessando a rua distraidamente e, por muito pouco, não são atropeladas por estarem prestando mais atenção na conversa ao telefone móvel. Alguns já devem ter presenciado essas cenas que ilustram muito bem como cada vez mais usuários estão se tornando totalmente dependentes desse aparelho telefônico.

Mas como identificar quando esta atitude pode ser considerada normal ou uma evidência de doença? Qual a diferença entre sofrer com a ausência do aparelho e ser completamente escravo dele? “Percebe-se quando o uso é excessivo, quando a pessoa passa praticamente o dia inteiro fazendo e recebendo ligações e trocando mensagens, tem vários aparelhos, deixa de fazer tarefas básicas do cotidiano por não desgrudar do aparelho e sofre mal-estar quando esquece o celular em casa. Estes são fortes indícios de que o hábito virou uma doença”, revela Miriam Barros, psicóloga especialista em distúrbios do humor.

A patologia tem nome: nomofobia, que significa medo ou sensação de angústia de ficar incomunicável, estar longe do aparelho ou mesmo desconectado da internet. “Ultimamente essa fobia está sendo associada ao transtorno de ansiedade porque a pessoa chega a ter taquicardia e suar frio quando está longe do celular. São as mesmas sensações de quando se está no meio do estresse, tristeza ou pressão no trabalho [...]. Isso mostra que é hora de procurar um médico”, alerta a psicóloga.

E como não cair nessa armadilha tão prazerosa, já que os celulares têm aparatos tecnológicos cada vez mais imprescindíveis para nossos dias?

Disponível em: <http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/11/vida_saudavel/noticias/1021364-celular-necessidadeou-vicio.html>. Acesso em: jul. 2016.

Texto 2

Tecnoestresse: entre o fascínio e o sofrimento

Tecnologia, como se sabe, envolve não apenas o conhecimento técnico-científico, mas também instrumentos, processos e materiais criados e/ou utilizados nas diferentes atividades humanas. Pode-se dizer que a tecnologia está presente no mundo humano desde a criação da primeira ferramenta. [...] Mesmo sem contar com uma definição única ou aceita pelos estudiosos do assunto, tecnoestresse poderia ser considerado, genericamente, como um conjunto de sintomas (uma espécie de síndrome) associado ao excesso de informação e demandas psíquicas e a uma dependência grave das ferramentas tecnológicas. O tecnoestresse não resulta apenas da relação com o computador, mas com qualquer forma de tecnologia, de eletrodomésticos a telefones celulares. [...] O tecnoestresse é, portanto, um sofrimento de difícil identificação pelo sujeito e delimitação pela ciência, que pode gerar ou agravar processos de adoecimento diversos (em especial transtornos mentais e comportamentais, problemas osteomioarticulares, patologias do sistema cardiovascular etc.), relacionados a qualquer tipo de estímulo tecnológico.

De um modo geral, o tecnoestresse dá seus primeiros sinais através da sensação de frustração diante de dificuldades com algum aparato tecnológico: uma falha na conexão com a internet, o excesso de veículos no itinerário escolhido, a falha no sinal da TV a cabo, a falta de energia que ameaça o funcionamento da geladeira. [...]

No entanto, num ambiente que sofre transformações tão profundas e intensas, a dependência dos aparatos e parafernálias ganha centralidade, na medida em que a experiência de vida em meio a inúmeros bens e serviços contribui para que as rotinas se estabeleçam cada vez mais a partir da existência e do bom funcionamento de tais bens e serviços. Ou seja, as tarefas e responsabilidades assumidas tendem a se organizar considerando que os recursos estarão disponíveis e funcionarão conforme o esperado, ainda que na maioria das vezes os recursos necessários sequer sejam lembrados. Mesmo que as pessoas não se deem conta de que dependem de uma série de detalhes e ajustamentos para que suas atividades se desenvolvam, suas expectativas se estabelecem sobre este mundo “invisível” de suporte às cada vez mais sobrecarregadas agendas, pessoais e coletivas.

ALEVATO, Hilda. Tecnoestresse: entre o fascínio e o sofrimento. In.: B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 35, n. 3, set./dez. 2009.

Texto 3

O sujeito não se torna interessante por meio da loucura, da excentricidade ou de qualquer coisa desse tipo, mas sim porque tem o poder de cancelar a distração do mundo, a atividade, o barulho. 

Saul Bellow, O legado de Humboldt.

Considerando os textos apresentados, escreva uma dissertação argumentativa sobre o tema proposto.