(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
TEXTO 1
Pesquisadoras mostram como o isolamento intensificou dados da desigualdade social
(Núcleo de Estudos da Violência da USP)
A pandemia causada pela Covid-19 e a adoção de medidas de distanciamento social adotadas no Brasil trouxeram à tona diversos aspectos relacionados às desigualdades que perpassam nossas vidas. Sabemos que a possibilidade de manter o distanciamento social, por meio do trabalho remoto e sem grandes alterações na renda familiar, foi concedida a poucos, deixando em evidência a forma desigual com que a pandemia atinge a população, para além da questão ligada diretamente à doença.
As mulheres, especialmente as mais pobres, chefes de família e com filhos, foram afetadas de diversas maneiras: perda da renda, falta de creches e escolas, impossibilidades de adotar medidas de distanciamento social e aumento da violência doméstica são alguns dos fatores que mais tiveram impacto sobre a vida das mulheres, literalmente.
[...]
Os efeitos da pandemia na vida das mulheres, portanto, extrapolam a dimensão da doença em si e intensificam desigualdades pré-existentes. A necessidade do isolamento social para conter a disseminação do vírus contribuiu para o distanciamento das mulheres de suas redes de apoio, em especial das mulheres pobres, negras, em situação de violência de gênero. Situações que normalmente já são ocultadas e dissimuladas, como as agressões físicas e psicológicas no ambiente doméstico e os estupros e assédios de toda ordem, acabaram ficando ainda mais invisibilizadas.
(Texto adaptado de <gazetaweb.globo.co,/portal/noticia/2020/09/analise-pandemia-intensificadesigualdade - e - invisibiliza-vitimas_114975_php>. Acesso em 29 out 2020.)
TEXTO 2
O isolamento social pode melhorar nossas relações familiares?
“Cuidado para não levar as emoções extremadas para dentro de casa!” É assim, em tom de alerta, que tem início uma cartilha lançada em março pelo governo federal. O documento foi divulgado quando já estávamos em quarentena para evitar a disseminação do novo coronavírus – e mostra como a convivência mais intensa entre a família em um contexto de pandemia pode gerar desgaste emocional.
Um estudo divulgado no início de maio, feito pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, revelou que, entre março e abril, por causa da pandemia o percentual de pessoas com sintomas de depressão praticamente dobrou, enquanto o percentual de ansiedade saltou 80%.
[...]
Embora a situação de emergência que mudou nossa vida tenha esse aspecto desafiador, é possível que ela seja usada a favor de nossa relação interpessoal com quem vive conosco. [...] Segundo o psiquiatra Mauro Moore Madureira, nós, como indivíduos, somos seres plurais. [...] Frente a qualquer situação, cada um desses nossos eus avalia, sente a emoção correspondente às referências que traz consigo e só então, de acordo com essa avaliação, parte para a ação. “Há no processo conflitos internos? Claro, eles são inevitáveis”, afirma. Convivermos conosco mesmo já é um desafio. Estarmos com outras pessoas, e sem a possibilidade de sair desse contexto tão cedo, é ainda mais trabalhoso.
Para nosso bem-estar, diz o especialista, é preciso que tenhamos “uma autoestima saudável”. O sentimento está baseado em nossa autoavaliação, com contribuições generosas de amigos (e de inimigos também).
Entre os casais, este é um momento em que o relacionamento é colocado à prova. “Casais jovens, em que os dois trabalham fora em empresas, geralmente se relacionam muito pouco tempo entre si e com os filhos. Face a esta situação nova, muitas vezes as reações são péssimas, porque eles foram se afastando e deixaram morrer o sentimento de namorados.”
Outras atitudes relativamente simples também têm um poder e tanto, como ter a rotina organizada, reservar momentos para fazer coisas gostosas em família (como assistir a filmes ou inventar jogos), envolver as crianças nas tarefas do lar, praticar atividade física, fazer chamadas de vídeo rotineiras para outros membros da família ou amigos e até começar um hobby novo, como jardinagem.
(Texto adaptado de <https://www.sodexobeneficios.com.br/qualidade-de-vida/noticias/sodexo-club/o-isolamento-social-pode-melhorar-noss as-realaçoes-familiares.htm >. Acesso em 29 out 2020.)
Contexto e comando de produção: No período de pandemia em 2020, o isolamento social expôs casos de enorme desigualdade social e problemas de convivência familiar no Brasil. Cartilhas com orientações de profissionais da saúde foram publicadas a respeito de como melhorar as relações familiares na quarentena, ignorando, muitas vezes, desigualdades sociais. Esta situação estimulou você a produzir um texto com o objetivo de discutir relações familiares brasileiras no cenário da pandemia. Será publicado no blog Desigualdades da Quarentena, da Secretaria de Saúde de sua cidade. Considerando os textos de apoio e suas experiências familiares, escreva uma RESPOSTA ARGUMENTATIVA, a partir da seguinte pergunta: O isolamento social melhorou as relações familiares no Brasil? Seu texto deve ter o mínimo de 15 linhas e o máximo de 22 linhas. NÃO assine o texto.