“Mas divertir-nos para trabalhar ainda mais, como diz Anácarsis, parece correto, pois o entretenimento é uma espécie de relaxamento porque não podemos trabalhar continuamente. [...] E pensamos que a felicidade depende do lazer, pois trabalhamos para ter direito ao lazer, como fazemos guerra para poder viver em paz.” 

ARISTÓTELES. Os pensadores. São Paulo: Ed. Nova Cultural LTDA, 1996. (Adaptado) 

Por que não brincamos mais? 

Há crianças que não sabem o que fazer com os brinquedos que encontram dentro dos embrulhos. Perdem o interesse assim que conseguem abri-los. [...] Usar e reutilizar, atos que implicariam a criatividade própria das brincadeiras, está fora de questão. [...] Precisamos nos perguntar sobre o sentido da utilidade e da inutilidade para a vida. Sabemos que não se pode viver sem ela. Quando positiva, a inutilidade corresponde ao reino do lúdico. Forjada pelo capitalismo, ela se torna negativa.  

A proliferação das bugigangas vem nos mostrar que a brincadeira foi deturpada no reino dos descartáveis, no qual vivemos uma grande alucinação.  

TIBURI, M. RevistaCult. Nº 231, Ano 21, fevereiro 2018. Editora Abril. (Adaptado)

Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: 

O que vende balõezinhos de cor 

O macaquinho que trepa no coqueiro 

O cachorrinho que bate com o rabo 

Os homenzinhos que jogam boxe 

A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado 

E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma. 

BANDEIRA, M. Libertinagem. São Paulo: Global, 2013. 

Há um menino 

há um moleque 

morando sempre no meu coração 

toda vez que o adulto balança 

ele vem pra me dar a mão... 

Milton Nascimento e Fernando Brant. Bola de meia e bola de gude. (adaptado) 

Os textos - o do filósofo grego, o da revista Cult, o do poema de Manuel Bandeira e a da letra da música de Milton Nascimento - dialogam entre si. Conforme se depreende da leitura desses textos, a brincadeira, o lazer, o entretenimento sugerem o direito de privilegiar atividades lúdicas (caráter de divertimento) que estimulem a criatividade e uma saudável diversão, “uma espécie de relaxamento porque não podemos trabalhar continuamente” e perder de vista o sentido do prazer e quais são suas consequências. 

Com base na leitura dos textos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, com clareza e argumentação pertinente, em prosa, de, no mínimo, 15 linhas, acerca do tema: A importância do brincar e do divertir-se para o pleno desenvolvimento humano