Questão
Simulado Nacional
2023
Fase Única
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Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

Texto 1

A tecnologia afasta ou aproxima as pessoas? Estimula ou prejudica as relações sociais?

Com a tecnologia há inúmeros desafios sociais, incluindo a manutenção da privacidade, a aceitação, a participação, a exclusão e o engajamento social. Hoje, o discurso cívico é impactado pelo isolamento que a tecnologia propicia às pessoas. Por exemplo, o “filtro bolha” decorre da personalização nos resultados da pesquisa apresentados para cada pessoa. Essas bolhas podem isolar socialmente uma pessoa de outra, dentro de seus próprios grupos econômicos, políticos, culturais e, consequentemente, ideológicos. Com os novos dispositivos podemos incentivar ainda mais as pessoas a “interagirem em bolhas”, o que pode isolá-las mais e desencorajar a interação interpessoal. Será que essas tecnologias exacerbam a estratificação social digital que já estamos testemunhando? Se os computadores se tornam entrelaçados em nossas vidas, talvez nossos dispositivos e telas fiquem menos no foco. Devemos esperar novos mecanismos e normas sociais de envolvimento interpessoal como forma de reduzir o nível de prioridade dos pixels em nossas vidas.
 
Em geral, estamos utilizando a interação com a tecnologia para nos limitar ou estamos dando o nosso melhor?

O uso da tecnologia define a sociedade humana. Em qualquer lugar que você olhe, da produção de alimentos à medicina ou da arquitetura à agricultura, verá que tecnologia é parte da nossa existência. É nossa capacidade de usar apropriadamente e gerenciar novas tecnologias que mostra a real força delas em nossas vidas. Por isso, é um processo constante de adoção, adaptação e mudança, onde nossos comportamentos e expectativas mudam. Não devemos olhar a tecnologia como limitadora de nossa interação social, mas sim estender seu alcance e ampliar seu impacto. Casar isso com nossos estreitos laços sociais é um desafio para cada um de nós e para a sociedade como um todo.

Texto 2

Pamela Paul, uma norte-americana de 50 anos e editora-chefa da seção de livros do The New York Times, acaba de publicar um ensaio, 100 things we’ve lost to the internet, para tentar entender por que “não vivia o momento” e 99 outras coisas que nós perdemos com a internet — a obra, por enquanto, só está disponível em inglês. O livro fala sobre sensações perdidas como “estar atento” às coisas, sentimentos como o “tédio” ou mesmo virtudes como a “paciência”, mas também há muitos objetos, como a “enciclopédia”, o “telefone na cozinha”, “o porta-cartões de visitas” ou os “cartões de aniversário”.

O livro não foi escrito para lamentar um mundo que desapareceu. “Sou nostálgica, sentimental e pessimista, mas também tenho consciência de que alguns desses desdobramentos são bons”, explica. “O que teríamos feito durante o confinamento sem a internet? Salvou nossas vidas”, diz Paul por videoconferência a EL PAÍS.
(...)

Mas, na realidade, é possível mesmo sair do celular sem se desconectar? “Mesmo quando você desliga o celular, sabe que estão chegando coisas e que terá que olhá-las quando se reconectar. Você nunca está completamente livre dessa ideia de poder dizer que está sozinho aí no mundo”, diz Paul.

E, para finalizar, outra reflexão: “Na internet nada termina por completo”. Como os ex, que antes sumiam de nossas vidas e agora ainda estão presentes por causa das redes sociais. O último capítulo do livro fala justamente do encerramento ou conclusão, que com a internet nunca é definitivo. O passado sempre nos acompanha.

Texto 3

Byung-Chul Han: “O celular é um instrumento de dominação. Age como um rosário”

Filósofo sul-coreano, uma das estrelas do pensamento atual, se aprofunda em sua cruzada contra os ‘smartphones’. Acredita que se transformaram em uma ferramenta de subjugação digital que cria viciados. Em uma entrevista exclusiva ao EL PAÍS, Han afirma que é preciso domar o capitalismo, humanizá-lo
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P. De fato, o smatphone nos prometia certa liberdade... Não se transformou em uma longa corrente que nos aprisiona onde quer que estejamos?

R. O smartphone é hoje um lugar de trabalho digital e um confessionário digital. Todo dispositivo, toda técnica de dominação gera artigos cultuados que são utilizados à subjugação. É assim que a dominação se consolida. O smartphone é o artigo de culto da dominação digital. Como aparelho de subjugação age como um rosário e suas contas; é assim que mantemos o celular constantemente nas mãos. O like é o amém digital. Continuamos nos confessando. Por decisão própria, nos desnudamos. Mas não pedimos perdão, e sim que prestem atenção em nós.
https://brasil.elpais.com/cultura/2021-10-09/byung-chul-han-o-celular-e-um-instrumento-de-dominacao-age-como-um-rosario.html

Texto 4

Nunca se olhou tanto para baixo. Na fila, no parque, na escola, no trabalho, no museu, no ônibus e, perigosamente, no carro, as pessoas parecem só ter um interesse: a tela do smartphone. A ponto de, nos Estados Unidos, um estudo do Pew Research Center ter apontado que 46% da população diz não conseguir viver sem seu celular com acesso à internet. A dependência do gadget, usado menos para fazer ligações do que para ler notícias, interagir nas redes sociais, jogar e assistir a vídeos, tem até nome: nomofobia, o medo de ficar longe do aparelho.

Preocupados principalmente com o impacto disso entre os jovens, que, segundo estudos, são os usuários que passam mais tempo mexendo nos celulares, pesquisadores da Universidade da Coreia em Seul decidiram investigar como essa dependência se dá do ponto de vista da química cerebral. Para tanto, o neurorradiologista Hyung Suk Seo reuniu um grupo de 19 jovens, com média de idade de 15,5 anos e dependência em internet e/ou smartphones diagnosticada, e outro com 19 adolescentes da mesma faixa etária, mas que não sofriam do problema.

Doze dos 19 que não conseguiam viver longe dos aparelhos receberam nove semanas de terapia cognitivo-comportamental, adaptada de um programa desenhado para dependentes em jogos de azar, como parte do estudo.
Os pesquisadores utilizaram testes padrão de adicção em tecnologia para medir a severidade do vício. As questões investigavam o quanto a internet e os celulares afetam a rotina diária, a vida social, a produtividade, os sentimentos e os padrões de sono dos jovens. Quanto maior o escore, maior no nível de adicção.

Um dos achados foi que os adolescentes dependentes de celular exibem níveis mais significativos de depressão, ansiedade, insônia e impulsividade, comparados aos que não sofrem do problema. Para medir como isso ocorre no cérebro do ponto de vista fisiológico, os pesquisadores fizeram o exame chamado espectroscopia por RNM, tipo de ressonância magnética que mede a composição química do órgão.

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2017/12/03/interna_ciencia_saude,645067/quais-sao-as-consequencias-do-uso-excessivo-de-celular.shtml

Comentário
A tecnologia no geral e os celulares em particular alteraram a forma de viver e as relações sociais. Pensando nisso, escolha um dos gêneros abaixo e desenvolva a proposta solicitada. 

Proposta 1: Faça um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema 
 Os Celulares no mundo contemporâneo: dilemas e desafios.

Proposta 2:
Você leu o texto 3, e resolveu escrever uma Carta do Leitor para o El pais, comentando a entrevista de Byung-Chul Han.