(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
Texto 1
Afinal, qual o papel da faculdade?
Por: Catho Comunicação
O papel da faculdade
Investimento na carreira é um dos principais motivos das pessoas fazerem faculdade. Uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior mostrou que 66% dos entrevistados acreditam que entrar na universidade é importante para conseguir um emprego melhor.
E por conta dessa resposta fazemos a pergunta: “A graduação serve apenas para conseguir um bom emprego?”.
Essa é uma questão mais complexa do que podemos imaginar. Muito do conhecimento que temos hoje (de que a Terra é redonda e gira em torno do Sol, por exemplo) foi descoberto por aluno de universidade – no caso do exemplo foi Nicolau Copérnico, da Universidade de Bolonha que fez a descoberta.
Baseado nisso, podemos dizer que a faculdade ajuda a melhorar a sociedade, mas isso pode ser questionado e não podemos dizer que é uma resposta definitiva.
Quem decide o quê?
O Ensino Superior faz parte integral da educação e tem o seu funcionamento determinado pelo governo federal. Aqui no Brasil, o artigo 207 da Constituição Federal de 1988 fala que:
“as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”
O artigo mostra que as faculdades são autônomas e que não devem ser submetidas a pressões externas. Além disso, produzir conhecimento e compartilhá-lo com a sociedade são partes de sua atuação, seja na formação de profissionais ou para o mercado de trabalho.
(https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/colunistas/educacao/afinal-qual-o-papel-da-faculdade/#:~:text=O%20artigo%20mostra%20que%20as,para%20o%20mercado%20de%20trabalho.)
Texto 2
Repensando o papel da universidade
Adolfo Ignacio Calderón
UMC
(...)
O MERCADO UNIVERSITÁRIO
Há cerca de 40 anos, intelectuais concebiam a universidade como um instrumento de resistência à dominação e opressão por parte das classes dominantes. Havia entre eles aqueles que, visando à destruição do capitalismo, elaboravam estratégias para fazer dela uma trincheira da revolução socialista.
Os tempos mudaram, tornando essas perspectivas anacrônicas. No entanto, não se pode ignorar o fato de que a universidade é ainda hoje um poderoso espaço de transmissão de ideologia, na medida em que é o lugar privilegiado para a formação no nível superior. Foi para ter domínio sobre ela que papas, príncipes, reis, legisladores, ditadores e governantes lutaram. É também por esse motivo que a UNESCO a considera um espaço privilegiado para a construção de uma cultura de paz, baseada no respeito à diversidade cultural, aos direitos humanos, ao meio ambiente e à democracia.
É raro encontrarmos hoje pessoas que acreditam ser a universidade uma ferramenta para a revolução socialista. Mas não é incomum encontrarmos professores e alunos que, a partir da universidade, querem fazer sua própria revolução, sua própria mudança, e à sua maneira: é o jovem estudante da FGV-EAESP que desenvolve seu projeto de marketing social, em benefício de uma ONG; ou os estudantes do Ibmec que desenvolvem projetos comunitários como parte do Programa Universidade Solidária; ou os estudantes da UMC que ensinam, aos carregadores da Ceagesp, ler e escrever; ou então os alunos da PUC que desenvolvem ações em prol do MST. Todas essas iniciativas fazem da universidade o palco de uma revolução fragmentada, sem rumo certo, sem as grandes metanarrativas que orientavam os antigos projetos revolucionários utópicos, mas com o mesmo espírito humanista que os norteavam.
O cenário da educação superior brasileira vem passando por profundas mudanças desde a institucionalização do mercado universitário, que se caracteriza pela acirrada concorrência entre as instituições para atrair clientes-consumidores.
Desde o início da década de 1990, assiste-se ao impressionante crescimento quantitativo de universidades particulares com fins lucrativos, geridas como empresas que oferecem produtos e serviços de acordo com a demanda do mercado. São essas universidades que possibilitaram a democratização do acesso ao ensino superior, ampliando significativamente a oferta de produtos educacionais. As opções de consumo para os futuros estudantes foram ampliadas e diversificadas, como também o número de produtos e serviços educacionais e a procura de nichos e necessidades especiais.
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AS MÚLTIPLAS UNIVERSIDADES
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Ao observarmos a realidade, deparamo-nos com terreno heterogêneo e diversificado, no qual toda forma de generalização torna-se difícil. Por exemplo: será que toda universidade produz novos conhecimentos por meio da realização de pesquisas? Será que toda universidade realiza atividades de prestação de serviços à comunidade? Será que toda universidade professa claramente um forte compromisso social? Será que toda universidade está preocupada com a questão da qualidade? Ou com a questão de formar cidadãos autônomos, críticos, polivalentes e criativos?
https://www.fgv.br/rae/artigos/revista-rae-vol-44-num-2-ano-2004-nid-46019/
Texto 3
Ensino superior e mundo do trabalho estão desconectados
Só 39% dos empregadores consideram os alunos preparados para a profissão
Sabe-se que a formação superior deveria cumprir um papel econômico vital, não apenas de preparar profissionais cada vez mais habilitados, mas também elevar o nível cultural e político da sociedade, com reflexos positivos no aumento da produtividade e do PIB do país.
Entretanto é recorrente a reclamação existente entre os empregadores em relação às competências e habilidades dos alunos que são formados pelas Instituições de Ensino Superior (IES). De maneira geral, as empresas acabam consumindo tempo e recursos em programas de qualificação profissional para suprir a falta de conhecimento que os recém-formados deveriam ter adquirido nos bancos escolares. Felizmente, apesar de um grande e real distanciamento entre as instituições educacionais e as organizações empresariais, o gap entre o que os empregadores desejam e o que as IES ensinam a seus alunos não é intransponível e pode ser superado durante a formação universitária. É preciso munir os estudantes não apenas de conhecimentos e habilidades, mas também da capacidade de adquiri-los.
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Para analisar o impacto na sociedade pela falta de profissionais qualificados, um estudo realizado pela Korn Ferry junto a empregadores das 20 maiores economias do mundo chegou a resultados estarrecedores: em 2025, a falta de mão de obra qualificada será responsável pelo déficit de US$ 3,8 trilhões na produção mundial e chegará a US$ 8,5 trilhões em 2030. No Brasil, a projeção para esse déficit de produtividade é de R$ 800 bilhões em 2030.
(https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2022/06/ensino-superior-e-mundo-do-trabalho-estao-desconectados.shtml)
Texto 4
2. A perda de prestígio das universidades públicas
De uma forma um tanto surpreendente, parece que a universidade pública começou a perder prestígio a partir de meados da década de oitenta.
É difícil explicar esta erosão, mas podemos aventar algumas hipóteses. Em primeiro lugar, é possível que o fato de as universidades públicas, valorizando a pesquisa, não terem atendido à expansão da demanda por ensino superior, restringindo o número de vagas e resistindo à abertura de cursos noturnos, pode ter provocado uma insatisfação generalizada daquela parcela da população que se viu obrigada a se socorrer do ensino superior privado.
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O custo da pesquisa científica claramente é um fator que contribui para esta elevação do custo, fator este que nem sempre é devidamente apreciado...
É possível que haja ainda um terceiro fator: durante o regime militar, as universidades públicas construíram uma imagem de resistência ao autoritarismo, que as legitimou perante um setor importante da opinião pública. Liberado o regime, este papel se esgotou e as energias se voltaram para uma luta pelo poder interno(que se desenrolou em nome da democratização da universidade) e para reivindicações salariais promovidas através de uma sucessão de greves. Para alguns setores da população, a imagem da comunidade acadêmica como heróica defensora da democracia parece ter dado lugar a uma outra, a de um grupo corporativo cuja atuação e reivindicações tinham muito pouco a ver com a preocupação em atender às necessidades sociais.
(...)
Precisamos então indagar ainda porquê, exatamente nesta época em que se reconhece a importância crescente, para o desenvolvimento econômico, de recursos humanos altamente qualificados e do desenvolvimento do Sistema de Ciência e Tecnologia, o papel das universidades públicas, como responsáveis, em grande parte, pela investigação científica no País, não seja reconhecido por boa parte dos setores governamentais e pela sociedade. Talvez seja porquê o elo entre pesquisa científica e desenvolvimento social e tecnológico não tenha sido de fato objeto de preocupação por parte da grande parte das universidades as quais estiveram, muitas vezes, inteiramente alheias aos problemas do desenvolvimento regional. Talvez seja porquê sua relação com a qualidade do ensino não seja visível. Talvez ainda porque a própria qualidade de ensino seja contrabalançada, no lado negativo, por uma estrutura obsoleta, que não nem atende às necessidades do mercado de trabalho, nem à de expansão do atendimento.
De qualquer forma, é preocupante a incapacidade de muitas das nossas lideranças políticas de reconhecerem a importância da pesquisa e de entenderem que a universidade pública constitui a melhor solução, no Brasil, para sua institucionalização.
(https://nupps.usp.br/downloads/docs/dt9809.pdf)
Proposta 1
Faça um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “O papel da universidade no mundo contemporâneo”.
Proposta 2
Considerando o texto 4 como motivador e, ao mesmo, tempo fonte, escreva um manifesto a favor das universidades responsáveis pela pesquisa no Brasil, frente à desvalorização do caráter científico e relacionado à pesquisa de tais instituições.