Questão
Simulado UNESP
2021
Fase Única
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Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

Texto 1 

Nem ‘obra de Satanás’ nem ‘castigo de Deus’: a pandemia é oportunidade

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Apartir disto, Smith explica que os coronavírus são zoonóticos, ou seja, são transmitidos entre animais e pessoas. Ele recorda que o surto atual teria origem na cidade chinesa de Wuhan, com ligação como Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, e que não está claro exatamente de qual criatura selvagem o vírus pode ter se originado. Porém, o sociólogo apresenta uma crítica: esta questão esconde uma das raízes da nossa crescente vulnerabilidade a pandemias, que é a perda de habitat de certos animais.

E. G. Smith reflete que a nossa atual sociedade de mercado está baseada na necessidade capitalista de um crescimento do lucro sem fim. É esta lógica que leva empresas e empreendedores a se confrontarem com a vida selvagem na busca do lucro, forçando animais a entrarem no habitat remanescente em declínio ou no próprio mercado. E é exatamente este contato próximo e repetido que permite que os micróbios que vivem nos corpos dos animais atravessem para o nosso próprio habitat. Quando isso acontece, esses micróbios podem se transformar em patógenos (organismos causadores de doenças) humanos mortais.

Tomar conhecimento e refletir sobre este processo é fundamental não só para o presente mas para o futuro. Porque chegamos a estas crises? Porque somos submetidos coletivamente a riscos de morte?

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(https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/nem-obra-de-satanas-nem-castigo-de-deus-a-pandemia-e-oportunidade/)

Texto 2 

Atila Iamarino: ‘Após o coronavírus, o mundo não voltará a ser o que era’

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Outro mundo

Por diversas vezes durante o programa, Atila afirmou que o mundo deve mudar após a pandemia. No curto, médio e longo prazo. As alterações passam desde o trato à ciência e prevenção, a até novas relações de trabalho. “De imediato, até tomarmos a vacina, teremos que tomar precauções. Nesse meio tempo, as pessoas vão mudar. Tem pais e mães convivendo mais com os filhos. Convivemos com um problema de alguém do interior da China. O mundo vai ser mais diferente mas espero que seja mais unido”, disse.

Mais adiante, após o fim do pico de contágio, a preocupação com o retorno da pandemia deve ser de grande relevância. “Todo mundo vai ter que usar máscara por uns bons meses. A indústria tem que se adequar.” Agora, na ascensão do novo coronavírus, os equipamentos deve ser direcionados, na sua totalidade, aos profissionais da saúde, defende Atila. Mas, de acordo com a possibilidade, todos deverão adotar o hábito de usar máscaras.

Já sobre o mundo do trabalho, Atila defende uma mudança de postura em relação ao tratamento dos cidadãos. “Não tem como retomar o que existia antes. Precisamos nos adequar a uma nova economia e ao trabalho remoto”, disse, em uma defesa do conhecido home office. 

As relações afetivas tendem a seguir o mesmo caminho. A tecnologia de comunicação deve passar a ter, cada vez mais, o objetivo de aproximar. “Mesmo virtual, espero uma constância maior (dos relacionamentos). Tem muita gente descobrindo que poderia trabalhar de casa. Ensino à distância pode ser mais aplicado. Espero que renovemos a esperança na ciência e na mídia. Estamos redescobrindo a real importância disso, de saber do vizinho.”

(https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2020/03/atila-iamarino-apos-o-coronavirus-o-mundo-nao-voltara-a-ser-o-que-era/)

Texto 3 

Coronavírus reforça preconceito contra minorias religiosas e étnicas no mundo

O Globo 21.04.2020

Um documento da Human Rights Watch, publicado na semana passada, aponta que crimes de discriminação e ódio relacionados à doença têm como alvo estrangeiros e visitantes da diáspora negra nos Camarões, indianos muçulmanos e do Nordeste do país, além de várias minorias religiosas no mundo. Na Europa, centenas de milhares de ciganos estão sendo excluídos de medidas de prevenção e contenção da doença. O mesmo ocorre no Paquistão com cristãos e hindus, frequentemente tratados como cidadãos de segunda classe. Na Ásia, a discriminação e estigmatização se voltaram agora contra os africanos que vivem na China, especialmente na província de Guangdong, no Sudeste do país, conhecida como Little Africa.

Muitas vezes, o discurso de ódio e preconceito é destilado pelos próprios governantes, caso da Hungria, Estados Unidos e Índia.

—O racismo e a discriminação estimulados pelos líderes são especialmente desleais. Nos EUA, a retórica focada em rotular o vírus como "chinês" ou "de Wuhan" coincidiu com um aumento nos crimes de preconceito contra americanos asiáticos. O líder da Hungria, Viktor Orbán, usa o coronavírus para atacar imigrantes e abastecer a xenofobia, chegando a dizer a funcionários do governo húngaro que há uma ligação entre imigrantes e o vírus. Na Índia, a hashtag Corona Jihad viralizou depois que membros do partido no poder fizeram essa conexão —explicou ao GLOBO Akshaya Kumar, diretora de gestão de crises da Human Rights Watch.

(https://oglobo.globo.com/mundo/coronavirus-reforca-preconceito-contra-minorias-religiosas-etnicas-no-mundo-24383553)

Texto 4 

MORTES E RENOVAÇÃO: COMO A PESTE NEGRA MUDOU O CENÁRIO DA EUROPA

Isso gerou uma mudança a longo prazo nas relações de trabalho na Europa. Conhecendo as possibilidades de melhoria, os trabalhadores sentiram quando os senhores começaram a voltar com os velhos hábitos do mundo medieval, na medida que a população se recuperava. A consequência disso foi drástica: um aumento considerável nas revoltas campesinas ganhou vida no final do século 14.

Isso possibilitou o estabelecimento permanente das melhorias e das liberdades dos trabalhadores do campo, que já haviam presenciado o esvaziamento das cidades maiores no momento da peste.

Outra consequência da tragédia foi a fragilização da moral da Igreja, que não conseguiu conter a peste, mesmo se dizendo portal de comunicação com o divino. Até Deus saiu como vilão na situação de sofrimento e inúmeras mortes.

Além disso, com a morte de diversos padres, haviam locais na Europa em que simplesmente não realizavam mais cultos. Segundo Lucien Febvre (historiador francês ligado à Escola dos Annales) em O Problema da Incredulidade no Século XVI, foi justamente a partir do século 15 que tornou-se possível compreender a existência de um ateísmo, algo inconcebível nos séculos anteriores.

Já sofrendo com o preconceito religioso, as populações judaicas passaram a ser usadas como bode expiatório naquele momento. Acusadas de envenenarem a água e rogar pragas contra os cristãos (devido aos hábitos de higiene melhores, os judeus tiveram uma mortalidade menor na Peste), muitos foram agredidos ou até mesmo executados. O antijudaísmo cresceu muito na Europa quatrocentista, gerando massivas migrações para o leste.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/como-peste-negra-mudou-o-cenario-da-europa.phtml

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Pandemia: É possível algum aprendizado ético?