Questão
Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos - FACISB
2014
Fase Única
PROPOSTA-REDACA-Texto4510881c97b
Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO )

Texto 1

Reflexões sociológicas sobre a hospitalidade

A discussão sobre a hospitalidade é muito mais do que uma simples difusão de técnicas de bom atendimento na atividade turística, pois depende de uma discussão prévia sobre os valores que devem fundamentar as práticas de recepção aos turistas. Valores novos devem ser propostos e debatidos livremente, mas nunca impostos.

Em um de seus livros sobre a globalização, Zygmunt Bauman comenta que a experiência de algumas cidades norte-americanas expressa o que podemos considerar uma predisposição contrária à hospitalidade: “a suspeita em relação aos outros, a intolerância face à diferença, o ressentimento com estranhos e a exigência de isolá-los e bani-los, assim como a preocupação histérica, paranoica com a ‘lei e a ordem’, tudo isso tende a atingir o mais alto grau nas comunidades locais mais uniformes, mais segregadas dos pontos de vista racial, étnico e de classe.”

Hospitalidade é considerar todos os visitantes como bem vindos, compartilhando com eles o bem-estar e a segurança que também não nos faltam. Hospitalidade é a generosidade de um agrupamento humano, seja uma comunidade, etnia, cidade, nação, estado ou país. É a ternura da gente de um lugar em relação ao estrangeiro e os seus mistérios, enquanto este também imagina os seus anfitriões como uma gente misteriosa e nem por isso deixou de visitá-la. A hospitalidade é, portanto, um encontro bem sucedido entre mistérios: civilização não quer dizer outra coisa.

(Walter Praxedes. Revista espaço acadêmico, junho de 2004. Adaptado.)

Texto 2

Entre o perigo e a chance

A hospitalidade, isto é, a aceitação do outro em nossa casa, em nosso país, representa um perigo: o hóspede pode ser um ladrão ou um terrorista. Por outro lado, a hospitalidade é um imperativo ético e a chance de uma relação pacífica entre os homens. Mais que isso: a acolhida do outro é a condição da ipseidade* , já que não há sujeito sem o reconhecimento do outro. A hospitalidade deve ser incondicional. Essa afirmação de Derrida incomoda: “Deve-se dar ao outro”, diz ele, “a permissão de fazer a revolução em nossa casa”. “Como assim?”, diz o bom senso. “A hospitalidade tem limites!” Não, responde Derrida. “Se há hospitalidade, só pode ser incondicional. Não há hospitalidade condicional: se coloco condições ao outro que vem, ao que chega, não posso mais falar de hospitalidade. Mas, se a hospitalidade não pode ser senão incondicional, é preciso dizer, ao mesmo tempo, que uma hospitalidade incondicional é impossível, é o próprio impossível”.

(Leyla Perrone-Moysés. http://revistacult.uol.com.br.)

* O que faz com que um ser seja ele próprio e não outro.

Com base nas informações apresentadas pelos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Hospitalidade: perigo ou dever ético na recepção aos turistas?