Questão
Universidade de Taubaté - UNITAU
2012
1ª Fase
PROPOSTA-REDACA-Texto689c3cad4aa
Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

Texto I

Em “Um apólogo” de Machado de Assis (leitura recomendada), lemos a história de uma agulha que, com o seu árduo trabalho, perfura o tecido para que a linha possa ali se instalar. Terminada a tarefa, a costureira guarda a agulha, agora não mais necessária.

“[...] a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!”

Texto II

O escorpião e a rã (fábula atribuída a Esopo)

O fogo crepita feroz e avassalador. Na margem do largo rio que permeia a floresta, encontram-se dois inimigos figadais: a rã e o escorpião.

Lépida e faceira, a rã prepara-se para o salto nas águas salvadoras. O escorpião, que não sabe nadar, aterroriza-se ante a morte certa, estorricado pelas chamas ou impiedosamente tragado pelas águas revoltas. Arguto e num esforço derradeiro, implora o escorpião:

— Bela rã, leva-me nas tuas costas na travessia do rio!

— Não confio em ti! Teu ferrão é inclemente e mortal — responde a rã.

— Jamais tamanha ingratidão! Ademais, se eu te picar, é morte certa para nós dois.

— É verdade — pensou candidamente o bondoso batráquio. Então suba! E lá se foram irmanados e felizes. No entanto, no meio da travessia, a rã é atingida no dorso por uma impiedosa ferroada. Entremeando dor e revolta, trava o derradeiro diálogo:

— Quanta maldade! — exclama a rã, contorcendo-se. Não vês que morreremos os dois?

— Sim, responde o escorpião, mas essa é a minha natureza!

Disponível em: http://www.educacional.com.br/articulistas/imprimirOutros.asp?artigo=jacir0004

Texto III

A história de Jean Valjean (protagonista da obra “Os Miseráveis”, de Victor Hugo)

Após ser condenado a cumprir a pena de 17 anos de trabalhos forçados por ter roubado apenas um pão, Jean Valjean cultivou dentro de si o ódio e o desprezo pela Humanidade. Perdeu qualquer sentimento de ternura pelo semelhante e tornou-se um homem sombrio e taciturno, sem amigos. Ao ser solto, todos o evitavam por ser ex-presidiário. Em vão, procurou hospedagem e algum prato de comida. Todos lhe cerravam as portas. Então, sugeriram-lhe que fosse à casa do Monsenhor. Este o acolheu, deu-lhe comida, banho quente, cama limpa, tratando-o como se ele fosse um convidado ilustre. Além disso, indiferente aos avisos da governante, que lhe pedia que tivesse cautela, o bom sacerdote não só mandou servir o jantar, mas também insistiu em que fosse utilizada a baixela de prata, pois queria evidenciar seu apreço pelo hóspede.

À noite, porém, quando todos dormiam, Jean Valjean roubou os utensílios de prata e fugiu. Mal conseguiu afastar-se do vilarejo e já foi preso pelos guardas do local. O ex-prisioneiro justificou-se dizendo que tais objetos haviam-lhe sido dados pelo sacerdote. Os guardas conduziram-no novamente à casa do Monsenhor, e este, olhando piedosamente para aquele homem rude, disse que lhe havia dado não só os utensílios, mas também os castiçais de prata, que ele havia esquecido. Levantou-se e ofereceu-lhos com carinho. Os guardas, confusos com o episódio, retiraram-se, deixando-o livre.

Diante daquele gesto de bondade genuína, Jean Valjean comoveu-se muito. Então, o sacerdote rogou-lhe que consagrasse a sua vida ao bem do próximo, pois todas as pessoas poderiam ser dignas se fossem tratadas com amor. Abraçou-o ternamente, devolvendo-lhe a crença na bondade humana. E pela primeira vez, depois de tantos anos, Jean Valjean sorriu. Daquele momento em diante, nunca mais foi o mesmo. Sua vida foi marcada pela renúncia e dedicação ao próximo.

(SILVA, E.R.)

Tema da Redação: A partir da leitura desses textos, redija um texto argumentativo com o seguinte título:

Uma difícil decisão: quando ser (ou não) solidário