(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

Texto 1
“Foram tantas situações que eu enfrentei, desde cedo na minha cara, chute na porta, até ameaça de que eu ia morrer na saída. Pai de aluno ameaçando me matar, na cara de policiais. É tanta coisa, que a gente vai adoecendo.”
O relato é da professora Ana Célia Serafim Santos, de 56 anos. Diagnosticada com depressão, síndrome do pânico e transtorno bipolar, ela precisou tirar diversas licenças do trabalho como professora de Língua Portuguesa e Literatura nas redes municipal e estadual. Com a saúde mental fragilizada, não pôde mais voltar à sala de aula. Há sete anos, está readaptada em funções administrativas em ambas as escolas nas quais trabalha.
A situação de Ana Célia reflete a de dezenas de milhares de professores da rede pública de ensino em São Paulo. O número de licenças por transtornos mentais e comportamentais vem aumentando ano após ano. Somente em 2018, foram 53.162 licenças por esses diagnósticos, segundo dados do Departamento de Perícias Médicas do Estado (DPME). Esse número equivale a mais de 40% do total de afastamentos no estado.
https://estudio.r7.com/por-que-nossos-professores-estao-adoecendo-15102019
Texto 2

Texto 3
(Os professores) passam a viver constantemente na dualidade de serem responsáveis pela reprodução de uma cultura dominante individualista e também por personificarem as esperanças de mobilidade social de diferentes camadas populares. Teoricamente, a escola tem o papel de formar indivíduos para serem seres humanos autônomos, críticos e capazes de atuar na sociedade para torná-la melhor, para, desta maneira, também melhorar sua qualidade de vida. No entanto, as mudanças no contexto social e econômico alteraram significativamente o papel do professor e as exigências pessoais e do meio em relação à eficácia de sua atividade.
http://www.scielo.br/pdf/tes/v10n1/v10n1a08.pdf
Texto 4
A docência é considerada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como uma atividade de risco desde 1981, uma vez que os professores compõem a segunda categoria profissional mais acometida por doenças ocupacionais em nível mundial (BORBA et al, 2015).
Dentre as doenças ocupacionais em professores, as relacionadas a fatores psíquicos estão crescendo em muitos países. Como causas de adoecimento encontram-se: ritmo intenso e precárias condições de trabalho, aumento da exigência cognitiva, perda de autonomia em sala de aula, falta de acompanhamento técnico, políticas de educação insuficientes, salários insatisfatórios, não reconhecimento social do trabalho, indisciplina/violência e desinteresse dos alunos. Nesse sentido, as condições e organização do trabalho do professor apresentam características que o expõem a fatores estressantes, os quais, se persistentes, podem levar à Síndrome de Burnout –SB (BORBA et al, 2015).
A literatura tem apontado como estressores do ambiente escolar: lidar com a classe e manter a disciplina; aplicar as tarefas; organizar grupos de trabalho; ajudar crianças com problemas comportamentais; preparar recursos para lições; lidar com incidentes envolvendo comportamento desafiador e indisciplina; falta de suporte diante de problemas comportamentais dos alunos; excesso de trabalho e falta de tempo; diferenças de desenvolvimento e motivação dos alunos e políticas educacionais; a pressão exercida pelos pais. Esses estressores podem ocorrer nas escolas multisseriadas, onde os professores lidam com alunos de diferentes faixas etárias e séries ao mesmo tempo em uma mesma sala de aula (SILVEIRA, ENUMO e BATISTA, 2014).
http://www.periodicos.ufc.br/labor/article/view/39549/95616
Texto 5
Além do burnout, quais outros quadros podem ser desencadeados como efeitos da sobrecarga de trabalho no psicológico do profissional?
Inicialmente ressaltei que, antes da pandemia, 5% da população era acometida pela depressão. Entre os professores, esse número estava em 12%. A pandemia e as demandas que ela fomentou certamente potencializaram sentimentos negativos que ampliaram esse quadro. A sobrecarga de trabalho, as cobranças da escola e das famílias, bem como a auto exigência dos próprios professores em relação ao seu trabalho, estão na raiz da ansiedade que esses profissionais apresentam. A ansiedade relaciona-se diretamente à expectativa, esta, por sua vez, altera tanto as nossas emoções que nos coloca em uma situação de instabilidade. Cobramos de nós algo que está além das nossas possibilidades no momento – não por uma questão de incapacidade, mas sim por uma condição de limite – faz com que tenhamos que lidar com a frustração daquilo que não conseguimos realizar.
https://fundacaolemann.org.br/noticias/janeiro-branco-como-proteger-a-saude-mental-dos-professores
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Saúde mental e trabalho docente no Brasil", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.