(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
Texto 1
Por que o futebol é um ambiente tão homofóbico? Para responder a essa pergunta, é preciso entender que a homofobia anda lado a lado com o machismo. Este, por sua vez, está presente no esporte desde a sua origem.
O futebol começou a se popularizar no Brasil no início do século XX, mas era visto pela sociedade como um esporte agressivo e masculino. “O homem tinha que expressar as características masculinas, que eram a virilidade, a força, a ação, em detrimento das características de feminilidade, que eram a doçura e a fragilidade”, conta a pesquisadora da área de futebol e antropologia Caroline de Almeida.
Assim como aconteceu com as mulheres, a homossexualidade foi historicamente distanciada do futebol. A atração por pessoas do mesmo sexo era considerada um desvio e uma doença até 1990, ano que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de Classificação Internacional de Doenças (CID), deixando de considerá-la uma patologia.
A eclosão da Aids nas últimas décadas do século XX também contribuiu muito para esse estereótipo do homem gay que era frágil e propenso a ter doenças. Se para jogar futebol era necessário ser homem, viril e saudável, homossexuais foram barrados desse espaço por não serem considerados sadios. Para o jornalista João Abel, essa construção histórica é um dos fatores que explica a homofobia potencializada no futebol: “ter um homossexual no esporte mais popular do país causa um choque. Então, o futebol potencializa a masculinidade e repele as pessoas que não se encaixam nesse perfil”, afirma.
(Luana Lopes. “Cartão vermelho para a homofobia”. https://observatorioracialfutebol.com.br, 17.01.2022. Adaptado.)
Texto 2
Com base em decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal (STF), que passou a considerar a homofobia como crime, os tribunais esportivos do país resolveram agir. Em junho do ano passado, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu que passaria a punir clubes de futebol por cantos homofóbicos, com aplicação de multa e até perda de pontos nos
campeonatos.
Não foi por acaso, portanto, que a partida disputada em 2020 entre Audax-SP e Sport Club do Recife, pela Copa São Paulo de Futebol Júnior, foi interrompida em razão de manifestações homofóbicas de torcedores do time paulista contra o goleiro Túlio, da equipe de Pernambuco. O árbitro Thiago Luís Scarascati paralisou o jogo por duas vezes, chamou os capitães dos dois times e até acionou o policiamento do estádio. O árbitro cumpriu o protocolo estabelecido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em agosto de 2019. Foi nesta data que a primeira iniciativa nesse sentido aconteceu, quando o árbitro Anderson Daronco parou o jogo entre Vasco e São Paulo ao ouvir torcedores cariocas gritando ofensas homofóbicas para a equipe paulista. Na oportunidade, Daronco reportou o caso aos treinadores dos dois clubes, o que levou o então técnico do Vasco, Vanderlei Luxemburgo, a fazer um apelo à torcida para que parasse de entoar o grito preconceituoso.
(Silvio Barsetti. “Cresce combate à homofobia no futebol brasileiro”. https://terra.com.br, 13.01.2020. Adaptado.)
Texto 3
No futebol brasileiro, casos de discriminação, incluindo homofobia, são julgados com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). De acordo com a lei, praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante é passível de punição, que varia de suspensão de cinco a dez partidas, se praticado por atleta, suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de cento e vinte a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa, além de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.
Ainda assim, um levantamento feito pelo STJD mostra que, apenas no primeiro semestre de 2022, foram abertas 11 ações no tribunal por discriminação, sendo oito por ofensas homofóbicas e três por injúria racial. Esse é o maior número de denúncias protocoladas desde 2014.
Das oito denúncias por homofobia analisadas pelo colegiado nesse semestre, seis já foram concluídas e outras duas estão em andamento. Quatro clubes receberam como punição o pagamento de multa, que varia de R$ 10 mil a R$ 50 mil, e um clube (denunciado duas vezes) foi absolvido. Na maioria dos casos analisados, as denúncias foram motivadas por cânticos discriminatórios entoados por torcedores presentes no estádio durante a partida. As situações foram relatadas nas súmulas dos jogos pelos árbitros das partidas, como determina o CBJD.
Por conta dos altos números de casos de homofobia nos estádios nos últimos meses, a CBF informou, em nota, que estuda, a partir de 2023, retirar pelo menos um ponto de clubes que tiverem torcedores envolvidos em atos homofóbicos em torneios organizados pela entidade.
(Isabelle Resende e Cleber Rodrigues. “Ações contra times de futebol por homofobia superam as de injúria pela primeira vez, diz STJD”. https://cnnbrasil.com.br, 27.07.2022. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A homofobia no futebol brasileiro tem solução?