PROPOSTA DE REDAÇÃO:
Texto 1
Qual é a maneira mais apropriada para dar à luz? A pergunta tem gerado uma verdadeira queda de braço entre médicos e políticos em São Paulo.
A discussão começou com um projeto de lei (PL) sobre o parto cesáreo, assinado pela deputada estadual Janaina Paschoal. No texto, Janaina defende que a gestante pode optar pela cesárea até a 39ª semana de gestação na rede pública de São Paulo — mesmo que o médico tenha diagnosticado condições favoráveis ao parto normal. Entidades médicas, que representam os profissionais da saúde em São Paulo, divergem sobre o tema.
O Coren (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) afirma que o PL “não apresenta amparo e embasamento científico” e “estimula perigosamente o aumento de partos cesarianos no Brasil”. Já o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) divulgou uma nota em que diz apurar processos de complicações médicas devido a uma insistência ao parto normal. “Somos contra projetos que queiram parametrizar qualidade em saúde obstétrica baseados meramente em números e em taxas de cesarianas, desconsiderando as indicações médicas e/ou a vontade materna livremente expressa, caso a caso”.
Para Janaina, existe uma insistência pelo parto normal na rede pública que resulta em dores e complicações para mãe e bebê. Para ela, o projeto sobre acesso às cesáreas dá autonomia para a mulher. Em contrapartida, a parlamentar paulista Beth Sahão argumenta que o projeto vai na contramão de uma lei de parto humanizado, aprovada no Estado em 2015, que estabelece que o parto na rede pública siga as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre elas, a “preferência pela utilização dos métodos menos invasivos e mais naturais”.
Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), de 2016, mostram que enquanto na rede privada 84% dos partos ocorrem via cesariana, no SUS, a taxa é de 40%.
(Marcos Candido. “Janaina Paschoal divide deputados: ‘Luto contra a religião do parto normal’”. https://universa.uol.com.br, 19.06.2019. Adaptado.)
Texto 2
Durante o expediente na ALESP, Janaina Paschoal defendeu sua proposta sobre parto, reiterando que seu foco é nas pacientes do SUS. “Eu não estou fazendo um PL para as mulheres que têm condições de utilizar as redes privadas, que têm seu convênio médico. Eu estou falando daquelas que pegam o ônibus e vão para a maternidade e gritam por horas. Casos concretos que eu acompanhei de mulheres que imploram por uma cesariana”, disse.
Para a educadora, ativista pela maternidade e infância e autora do blog Mamatraca, Anne Rammi, o projeto é problemático, pois oferece uma “falsa escolha”. “O mesmo sistema violento e negligente que atende a mulher num parto normal cercado de violência é o sistema que vai atendê-la em uma possível cesárea. E a gente sabe que mal atendimento médico, violência e negligência dentro de um processo cirúrgico são igualmente graves”, aponta.
Além disso, considerando os números de partos no Brasil, segundo Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) de 2016, as cesáreas são realizadas em mais da metade (55,6%) dos partos com nascidos vivos. A nível mundial, a taxa de cesárea brasileira só perde para a República Dominicana (56%). Lembrando que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o número de cesarianas não ultrapasse 15% dos partos.
(Sabrina Ongaratto. “Polêmica: PL propõe que gestantes do SUS possam optar por cesárea, mesmo sem indicação médica”. https://revistacrescer.globo.com, 12.06.2019. Adaptado.)
Texto 3
Os médicos são unânimes em afirmar que o parto normal, a princípio, é muito mais saudável para mãe e bebê. A autonomia da mulher no parto normal é o primeiro diferencial. Aqui, ela se levanta e segue com a rotina mais precocemente, enquanto na cesárea há uma recuperação cirúrgica, sem contar a parte anestésica. Além disso, a cirurgia deixa cicatriz, que pode levar até dois meses para completar a cicatrização. No entanto, os médicos alertam que, quando a cesárea é necessária, o parto normal pode ser mais arriscado.
O maior benefício da cesárea para a mulher é o planejamento. Ela pode fazer a cirurgia eletiva, desde que a partir da 39ª semana de gestação. Segundo a ginecologista Carolina Burgarelli, o momento ideal é perto da 40ª semana, pois quanto mais tempo a gestação durar, melhor é a evolução do bebê.
Quando a paciente deseja cesárea, os médicos precisam entender por que ela a deseja. “Se for algo plausível para esclarecer, ajudar e tentar evoluir para o normal”, diz Carolina. Independentemente do tipo de parto, tudo deve ser devidamente conversado entre gestante e médico. Os riscos e os benefícios existem, e a via escolhida deve priorizar o bem-estar de mãe e bebê. Junto a isso, a mulher é a protagonista desse momento e quanto mais ouvida e respeitada ela for, melhor será a experiência.
(Ludimila Honorato. “Parto normal ou cesárea? Entenda as condições necessárias para cada um”. www.estadao.com.br, 16.04.2019. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O parto cesáreo no sistema público de saúde deve ser uma possibilidade de escolha da gestante?