(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

Texto I
Emergência
e.mer.gên.ci.a imərˈʒẽsjɐ
nome feminino
1. ato ou efeito de emergir, de assomar ou vir à superfície
2. aparecimento; eclosão; surgimento
3. o estado de emergência, situação em que eclode uma circunstância crítica que exige ação, 4. situação ou momento crítico
5. MEDICINA situação clínica grave que requer cuidados médicos imediatos
6. BOTÂNICA excrescência na camada superficial do tecido vegetal, como o espinho de uma rosa, por exemplo
7. PSICOLOGIA passagem de uma fórmula de comportamento a outra
estado de emergência
suspensão parcial e temporária de liberdades, direitos e garantias, com reforço dos poderes das autoridades administrativas civis e o apoio às mesmas por parte das Forças Armadas, decretada pelas autoridades de um país em casos de calamidade pública ou situações de gravidade semelhante
FILOSOFIA teoria da emergência
aparecimento de propriedades novas e superiores àquelas de que emergem (por exemplo, o pensamento como emergência da vida)
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/emergência
Texto II
Era da emergência
O diagnóstico do tempo presente elaborado pelo filósofo Paulo Arantes no seu livro publicado em 2014 nos fornece um dos quadros mais bem-acabados sobre o nosso tempo presente. O Novo Tempo do Mundo é uma era da emergência. Na sua elaboração, Arantes recupera uma ideia já antiga de Christopher Lasch que afirma que vivemos uma era de expectativas decrescentes. Essa situação impõe aos indivíduos um novo tipo de expectativa que, ao contrário de épocas anteriores, é cada vez mais decrescente tomando a forma de uma espera negativa. Arantes insiste que não se trata de uma percepção subjetiva, ao contrário, trata-se de um diagnóstico de época derivado de maneira objetivada crise do sistema capitalista que se perpetua há quase meio século. Sempre se espera o pior, e o pior, de fato, tende acontecer. De maneira geral a sociedade mundial capitalista se encontra bloqueada e é cada vez mais sem forma determinada, isto é, informal. Em tal situação, o tempo tende à destemporalização e, consequentemente, a se espacializar. É como se ele passasse sem de fato passar.
De certa maneira, constata o autor, do futuro se aproxima cada vez mais com uma ameaça até coincidir com o presente que passa, por sua vez, a se perpetuar. Como se o presente se tornasse o seu próprio futuro. O futuro se encontra em suspensão. Desde a década de 1970, desde o fim do momento de “trégua” (ARANTES, 2014, p. 262) do capital, toda nova emergência catastrófica é adiada para mais tarde, como uma bomba relógio cuja eclosão é retardada indefinidamente. Cada crise traz consigo a demanda por decisões que não são tomadas, que vão sendo adiadas, e que vão se acumulando sabe-se lá até onde: 1973, 1989, 2001, 2008, 2020.Essa situação de crise contínua permite Arantes afirmar que, se antes Adorno podia falar de sociedade totalmente administrada, a situação presente estaria muito mais próxima de um “colapso administrado” (ARANTES, 2014,p. 441). Por um lado, neste colapso uma parte cada vez maior da população se encontra em uma correria interminável, indo de um lado para o outro sem saber muito bem o que está fazendo e nem para onde vai. Por outro lado, o novo tempo do mundo é aquele aonde, ao menos no nível tecnológico, a resolução completa dos problemas materiais da humanidade poderia ser finalmente resolvidos. Como nem a tecnologia, nem as potencialidades oferecidas pelo sistema são simplesmente neutras, ao invés de liberdade o sistema tende a emprisionar cada vez mais os indivíduos. Devido ao seu funcionamento tautológico e fetichista, o sistema não pode nem dar aquilo que promete e muito menos aquilo que seria materialmente possível.
https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/43001/33015
TEXTO III

https://sul21.com.br/imagenscharges/2016/02/porto-alegre-desgovernada-charge-e-texto-de-carlos-latuff/
No texto II, o filósofo Paulo Arantes defende a ideia de que vivemos na era da Emergência. Esse conceito envolve vários aspectos, dentre eles, a de expectativas decrescentes, uma sociedade de administração do caos, época em que decisões não são tomadas.
O autor fala de forma geral, mas pode-se refletir sobre suas ideias a partir de recortes diferentes: social, político, psicológico, ético, tecnológico, geopolítico, científico, comunicacional etc.
Com base nas ideias sugeridas acima, escolha uma ou até duas delas e, valendo se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: Estamos realmente vivendo na era da emergência?