(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

PROPOSTA 1
Redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A epidemia da morte: a propagação da violência na sociedade brasileira, o que fazer?”. Selecione argumentos, organize ideias e relacione os conhecimentos construídos ao longo de sua formação, para, de forma coerente e coesa, defender seu ponto de vista sobre o tema. Os textos a seguir apresentam algumas informações sobre o assunto.
TEXTO I
Quantas vidas são tiradas de forma violenta em uma semana no Brasil?
Mil, cento e noventa e cinco mortes violentas (1.195). A média é de uma morte violenta a cada oito minutos no país. Durante uma semana, o G1 registrou todas as vítimas de um embate silencioso. São crimes que, na maioria das vezes, ficam esquecidos – casos de homicídios, latrocínios, feminicídios, mortes por intervenção policial e suicídios espalha- dos pelo Brasil.
Há inúmeros exemplos: de como uma vida pode custar apenas R$ 20, de como uma discussão de casal pode terminar em tragédia, de como uma execução pode parecer algo banal.
O trabalho é o ponto de partida de uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O projeto tem um nome: Monitor da Violência.
Nesta primeira etapa, 230 jornalistas do G1 espalhados pelo país apuraram e escreveram as histórias dos 1.195 mortos em 546 cidades – quase 10% do total de municípios brasileiros. São todos os casos de morte de que se tem notícia registrados no período de 21 a 27 de agosto de 2017.
Trata-se de uma pequena amostra – se comparada à marca de quase 60 mil homicídios anuais –, mas que perfaz um retrato da violência no Brasil.
Alguns recortes se destacam no levantamento feito. São eles:
• Do total de vítimas, 89% são homens
• Os jovens – especialmente os de 18 a 25 anos – são a faixa etária mais vulnerável à violência (33% do total)
• Negros correspondem a 2/3 das vítimas em que a etnia é informada
• A maior parte dos crimes ocorre à noite (35%)
• O fim de semana concentra um grande percentual dos casos (36%)
• 81% morrem vítimas de arma de fogo (quando a arma é informada)
• Em 15% dos casos, o autor do crime conhece a vítima
• São 89 suicídios no período

PROPOSTA 2
Redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Desigualdades sociais no Brasil”. Selecione argumentos, organize ideias e relacione os conhecimentos construídos ao longo de sua formação, para, de forma coerente e coesa, defender seu ponto de vista sobre o tema. O texto abaixo apresenta algumas informações sobre o assunto.
TEXTO I
Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre
Estudo da Oxfam revela que os 5% mais ricos detêm mesma fatia de renda que outros 95% Mulheres ganharão como homens só em 2047, e os negros como os brancos em 2089
Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou um estudo sobre desigualdade social realizado pela Oxfam.
O levantamento também revelou que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. Além disso, mostra que os super ricos (0,1% da população brasileira hoje) ganham em um mês o mesmo que uma pessoa que recebe um salário mínimo (937 reais) – cerca de 23% da população brasileira – ganharia trabalhando por 19 anos seguidos. Os dados também apontaram para a desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos 20 anos, mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros terão equiparação de renda com brancos somente em 2089.
Segundo Katia Maia, diretora executiva da Oxfam e coordenadora da pesquisa, o Brasil chegou a avançar rumo à correção da desigualdade nos últimos anos, por meio de programas sociais como o Bolsa Família, mas ainda está muito distante de ser um país que enfrenta a desigualdade como prioridade. Além disso, de acordo com ela, somente aumentar a inclusão dos mais pobres não resolve o problema. “Na base da pirâmide houve inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo”, diz. “Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base”, explica.
América Latina
Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile.
Mas para isso, Katia Maia propõe mudanças como uma reforma tributária. “França e Espanha, por exemplo, têm mais impostos do que o Brasil. Mas a nossa tributação está focada nos mais pobres e na classe média”, explica ela. “Precisamos de uma tributação justa. Rever nosso imposto de renda, acabar com os paraísos fiscais e cobrar tributo sobre dividendos”. Outra coisa importante, segundo Katia Maia, é aproximar a população destes temas. “Reforma tributária é um tema tão distante e tecnocrata, que as pessoas se espantam com o assunto”, diz. “A população sabe que paga muitos impostos, mas é importante que a sociedade esteja encaixada neste debate para começar a pressionar o Governo pela reforma”.
A aprovação da PEC do teto de gastos, de acordo com Katia Maia, é outro ponto importante. Para ela, é uma medida que deveria ser revertida, caso o país realmente deseje avançar na redução da desigualdade. “É uma medida equivocada”, diz. “Se você congela o gasto social, você limita o avanço que o Brasil poderia fazer nesta área”. Para ela, mais do que controlar a quantidade do gasto, é preciso controlar o equilíbrio orçamentário e saber executar o gasto.
Além das questões econômicas, o cenário político também é importante neste contexto. “Estamos atravessando um momento de riscos e retrocessos”, diz Katia Maia. “Os níveis de desigualdade no Brasil são inaceitáveis, mas, mais do que isso, é possível de ser mudado”.
Fonte: (EL PAIS. Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/22/politica/1506096531_079176.html>. Acesso em: 19 out. 2017).
A desigualdade não é apenas econômica. Há assimetrias no acesso à justiça, à igualdade de gênero, cor, religião etc., que podem ser utilizadas como recortes para discussão do tema.