Questão
Centro Universitário do Pará - CESUPA
2017
Fase Única
PROPOSTA-REDACA1131d8ecb2b2
Discursiva
(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

Estamos lhe apresentando dois temas para redação. Escolha apenas um deles para desenvolver seu texto em prosa.

Proposta 1 

Texto I 

Trabalho voluntário 

O trabalho voluntário nada mais é do que a prestação de serviço sem a intenção de lucro, ou seja, a pessoa se propõe trabalhar em uma causa sem receber remuneração em troca. Todos podem ser voluntários e contribuir a partir da ideia de que o que cada um faz bem pode fazer bem a alguém. O que conta é a motivação solidária, o desejo de ajudar, o prazer de se sentir útil. 

A ação voluntária visa a ajudar pessoas em dificuldade, resolver problemas sociais, melhorar a qualidade de vida da comunidade. Seu sentido é eminentemente positivo: ao mobilizar energias, recursos e competências em prol de ações de interesse coletivo, o voluntariado reforça a solidariedade social e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e mais humana. 

Tradicionalmente, no Brasil, o voluntariado se concentrou na área de saúde e no atendimento a pessoas carentes. O reconhecimento da urgência de ações nessas áreas não é contraditório com a valorização de novas possibilidades de voluntariado nas áreas de educação, atividades esportivas e culturais, proteção do meio ambiente, etc.  

Cada necessidade social é uma oportunidade de ação voluntária; entretanto a função do voluntariado não é “tapar buracos” nem compensar carências. Uma sociedade participante e responsável, capaz de agir por si mesma, não espera tudo do Estado, tampouco abre mão de cobrar do Governo aquilo que só ele pode fazer. 

Dedicar-se a um trabalho voluntário pode ser significativo para a carreira profissional. As empresas valorizam esse aspecto devido à mudança que a atividade causa em quem a desenvolve e pela experiência adquirida. “Imagine uma pessoa que nunca teve contato com a realidade das favelas, hospitais públicos ou com as dificuldades de doenças graves e deficiências físicas ou mentais. Quando ela passa a conviver com isso, a visão de mundo muda completamente, ela descobre um outro universo”, conta o coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Luis Carlos Merege. Para ele, questionamentos nascidos desta descoberta provocam alterações também nos hábitos de consumo. “Muitos percebem que com sua renda mensal seria possível sustentar dez famílias”. 

Para a consultora de Recursos Humanos do Grupo Foco, empresa especializada em organizar processos seletivos de diversas companhias, Camila Leal Diniz, ser voluntário conta pontos a favor do candidato na entrevista de emprego. “Pessoas que prestam esse tipo de serviço, geralmente, são pró-ativas, trabalham bem em equipe e tendem a ser mais flexíveis”. 

 Posuniversitario.universia.com.br/mercado-trabalho-voluntariado- adaptado 

Após a leitura cuidadosa do texto e reflexão sobre o assunto abordado, construa uma redação de caráter dissertativo-argumentativo sobre o tema A importância do trabalho voluntário no Brasil.

Proposta 2 

I 

A internet produziu transformações espetaculares nas sociedades nas últimas décadas, mas a mais profunda delas só agora começa a ser estudada pela ciência. A facilidade e a rapidez com que se encontram informações na rede, sobre qualquer assunto e a qualquer hora, podem estar alterando os processos de cognição do cérebro. Até a popularização da web, as principais fontes de conhecimento com que todos contavam eram os livros e, evidentemente, a própria memória do que se aprende ao longo da vida. 

A internet mudou esse panorama: a leitura em profundidade foi substituída pela massa de informações, em sua maioria superficiais, oferecidas pelos sites de busca, blogs e redes de relacionamento. A memória, por sua vez, perdeu relevância – para que puxar pela cabeça para lembrar de um fato ou de um nome de uma pessoa, se essas informações estão prontamente disponíveis no Google, a dois toques do mouse? Quanto mais dependemos dos sites de busca para adquirir ou relembrar conhecimentos, mais nosso cérebro se parece com um computador obsoleto que necessita de uma memória mais potente.Para a antropóloga Amber Case, somos todos ciborgues, e nossa parte robótica não está em um braço mecânico ou numa visão infravermelha, mas nos nossos celulares. A inteligência potencial de uma pessoa com smartfone é diferente da inteligência da mesma pessoa sem ele. Para ela, não é exagero comparar a perda de um celular com a perda de uma parte do cérebro. 

Um dos estudos mais completos sobre essa mudança determinada pela internet na forma como assimilamos e processamos o conhecimento foi divulgado recentemente. Conduzido pela psicóloga Betsy Sparrow, da universidade Columbia (EUA), e por outros dois colegas, ele mostra que a memória processada pelos 100 bilhões de neurônios do cérebro está se adaptando rapidamente à era da informação imediata. Hoje, diz uma das conclusões da pesquisa, nós nos preocupamos menos em reter informações porque sabemos que elas estarão disponíveis na internet. Em lugar de guardar conhecimentos, preferimos guardar o local na rede onde eles estão disponíveis. A internet se tornou uma memória externa, o que faz com que as informações sejam armazenadas não mais no nosso cérebro, mas coletivamente. 

O cérebro precisa de impulsos para se desenvolver – quanto mais variados, complexos, harmônicos e desafiadores eles forem, melhor o cérebro se tornará. Essa corrida pela perfeição não se completa nunca. Quanto mais o cérebro se modifica pela qualidade dos impulsos que recebe, melhor e mais eficiente ele se torna, o que aumenta sua prontidão para processar informações ainda mais intrincadas. Portanto, o cérebro é uma estrutura que aprecia desafios e se transforma com eles. Facilitar sua atividade pode, como mostra o estudo da pesquisadora Sparrow, torná-lo mais preguiçoso e menos ávido por se aperfeiçoar. 

II 

Os céticos das teorias de que a internet está mudando radicalmente o cérebro humano sustentam que a história está cheia de exemplos de novas tecnologias que foram recebidas com uma desconfiança que, posteriormente, se mostrou infundada. Na Grécia antiga, Sócrates lamentou a popularização da escrita. Ele defendia a tese que a substituição do conhecimento acumulado no cérebro por via oral pela palavra escrita tornaria a mente preguiçosa e prejudicaria a memória. De igual modo, o advento da imprensa de Gutenberg, no século 15, suscitou prognósticos de que a facilidade de acesso aos livros promoveria preguiça intelectual. Pode ser que esses paralelos sejam corretos e tranquilizadores. Tanto a escrita quanto a imprensa potencializaram a capacidade cognitiva humana, especialmente pela facilidade na troca de informações entre mais pessoas. Talvez a salvação da nossa orquestra cerebral venha pelo mesmo caminho: a intensa troca de experiências. 

Fonte: Charlezine.com.br/ mudaro-funcionamento-cerebro-humano -adaptado 

As informações contidas no texto são oferecidas para nortear, aliadas ao conhecimento adquirido ao longo de sua formação, a construção de um texto dissertativo-argumentativo em resposta ao questionamento: Devemos temer a tecnologia?