(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
Segundo Alvaro Ferreira, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), “inúmeros projetos de ‘revitalização’ ou de ‘renovação urbana’ têm sido implementados em inúmeras cidades do mundo” e “os resultados têm gerado o que os pesquisadores denominaram de gentrificação. Entretanto, há um intenso debate acerca da utilização desse termo, alguns criticando o seu uso indiscriminado e outros acreditando ser necessário complexificar o conceito.” Em um artigo publicado, o professor- -pesquisador se propõe “rediscutir as definições e o uso da expressão gentrificação”, partindo da “hipótese de que a gentrificação não é um efeito colateral ou uma catástrofe natural; a gentrificação é planejada”.
A proposta desta prova de redação é convidar você a participar desse debate, explicitando o que você entende por gentrificação e como ela tem/não tem acontecido na cidade do Rio de Janeiro, escrevendo um texto dissertativo-argumentativo de cerca 25 linhas.
Os trechos, abaixo transcritos, são fragmentos do artigo citado¹. Além disso, os demais textos desta prova podem servir de inspiração para a discussão do assunto e podem ser mencionados na sua redação, desde que devidamente feita a referência. Dê um título sugestivo ao seu texto.
A expressão gentrificação nasce do termo inglês ”gentrification”, cunhado por Ruth Glass (1963), para esclarecer o repovoamento, por famílias de classe média, que vinha acontecendo em bairros desvalorizados de Londres na década de 1960, levando à transformação do perfil dos moradores.
A geógrafa Sandra Lencioni (2013, p. 29) afirma que a multicentralidade não é um produto das funções urbanas, mas dos investimentos imobiliários.
O geógrafo belga Mathieu Van Criekingen (2007) define dois tipos de gentrificação – residencial e de consumo –, que levam à produção glamourizada do espaço através da maior sofisticação dos ambientes. O sociólogo Paulo Cesar Xavier Pereira (2016, p. 2) também pontua o esvaziamento do sentido da expressão gentrificação. Acredita ele que a sua associação, em âmbito global, a expressões como revitalização, remodelação, restauração ou renovação urbana acaba por retirar da categoria gentrificação a ideia de conflito social e de contradição.
A antropóloga de Barcelona Irene Sabaté Muriel (2019, p. 234), por exemplo, acredita que a utilização do conceito de maneira pouco delimitada acaba fazendo com que se trate como gentrificação algo que não guarda a característica de retorno das classes médias do subúrbio em direção das áreas centrais das cidades anglo-saxônicas.
¹FERREIRA, A. A gentrificação não é um efeito colateral: complexificando o conceito, para revelar objetivos escuros. Disponível em: https://revistas.ufg.br/atelie/article/view/68912. Acesso em: 20 jun. 2023.