(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
TEXTO
Brasil precisa de políticas públicas para restringir o acesso de adolescentes ao álcool
José Tadeu Arantes
O Brasil é referência mundial na redução do tabagismo. Em compensação, o alcoolismo, especialmente entre adolescentes, continua um problema sem solução. “Estamos a anos-luz de distância do que poderia ser feito aqui e também do que tem sido feito nos países desenvolvidos com base em evidências científicas”, disse Zila Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo Sanchez, há no Brasil uma enorme lacuna entre as evidências científicas e a implementação de políticas públicas. E isso é especialmente verdadeiro em relação ao consumo de álcool. “Existem centenas de programas para reduzir a demanda. Porém, muito mais eficazes do que esses programas são as políticas públicas de restrição ao acesso. Não estou falando em proibição. Estou falando em limites. Limites para a propaganda e para a venda etc. E também estou falando da aplicação da legislação existente”, disse.
Sanchez mencionou uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que aponta cinco eixos comprovadamente eficazes na diminuição dos danos causados pelo álcool na população: limitar a disponibilidade do álcool; ampliar as restrições a beber e dirigir; ampliar as restrições à publicidade, ao patrocínio e à promoção do consumo de bebidas alcoólicas; taxar as bebidas alcoólicas para forçar o aumento do preço; e aumentar o acesso da população ao diagnóstico e a intervenções breves de tratamento do alcoolismo. Exceto as restrições a beber e dirigir, nenhuma das outras recomendações tem sido implementada no Brasil de forma realmente consistente e eficaz. “Há inúmeras evidências de que a publicidade induz o consumo precoce de bebidas alcoólicas. E sabemos que, quanto mais cedo uma pessoa começa a beber, maior a propensão de ela se tornar dependente de álcool na idade adulta”, afirmou Sanchez.
Sobre a limitação da disponibilidade, seria preciso um controle muito mais rigoroso dos pontos de venda, das distâncias entre os pontos de venda e as escolas, dos horários de venda e dos horários de funcionamento dos bares. Porque é sabido que muitos estabelecimentos não cumprem a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. Em relação a restringir o patrocínio e a promoção, a pesquisadora falou da proliferação de baladas do tipo open bar, que induzem os participantes ao consumo abusivo (binge drinking), promovendo gincanas nas quais a pessoa que beber mais não precisa pagar a conta. “Quanto à taxação, ela é hoje, no mundo, a política número um para reduzir os danos causados pelo alcoolismo. É preciso que haja uma política implementada em caráter nacional contínuo”, disse.
Texto adaptado de: https://agencia.fapesp.br/brasil-precisa-de- politicas-publicas-para-restringir-o-acesso-de-adolescentes-ao- alcool/30644/. Acesso em 25 jul 2021.
GÊNERO TEXTUAL – RESPOSTA ARGUMENTATIVA
Contexto e comando de produção: Sua escola promoveu um debate sobre o aumento da ingestão de álcool entre adolescentes, no intuito de auxiliar no enfrentamento do problema. Houve uma palestra em que uma psicóloga explicou que uma das principais razões de o adolescente ter acesso ao álcool é a ausência de políticas públicas. Após a palestra, sua professora de língua portuguesa solicitou a escrita de uma RESPOSTA ARGUMENTATIVA à questão: Qual é a medida mais eficaz de implementação de políticas públicas para restringir o acesso de adolescentes ao álcool? Seu texto circulará em um fórum de debates da comunidade escolar e terá como finalidade contribuir para a discussão sobre essa temática. Considerando o texto de apoio, você deve:
a) escolher uma medida de política pública que considere a mais importante para a restrição do acesso ao álcool por adolescentes;
b) apresentar argumentos que defendam sua posição. Sua redação deve ter entre 15 e 22 linhas. Não coloque título, não assine e nem deixe linhas em branco.