(PROPOSTA DE REDAÇÃO)
Violência contra a mulher: leis x aspectos culturais
Texto 1
Mulher pode levar mais de 10 anos para denunciar violência, diz pesquisa
Mulheres vítimas de violência em seus relacionamentos podem levar mais de 10 anos para denunciar o crime, apontou uma análise feita pelo núcleo de gênero do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
“Romper o silêncio é muito difícil, porque há um tempo para que a vítima entenda que está sofrendo violência”, explica a promotora Valéria Scarance, coordenadora do núcleo.
A unidade analisou todas as denúncias de violência contra mulher feitas ao Ligue 180, canal de atendimento à mulher do Governo Federal, entre 2014 e 2015.
De acordo com a pesquisa, cerca de 37% das denúncias foram feitas por mulheres que estavam em relacionamentos com uma década ou mais de duração. Segundo a promotora, alguns desses relacionamentos foram violentos desde o início. “Nem sempre a violência física acontece no começo da relação, e há também o tempo para que a mulher se conscientize que aquele comportamento do agressor é duradouro, é repetitivo, que pode colocar em risco sua vida e sua saúde”, explica Valéria. Para ela, que é também autora de um livro sobre a Lei Maria da Penha, os dados confirmam a dificuldade das mulheres em relatar de forma imediata uma agressão.
Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/07/mulheres-podem-levar-dez-anos-para-denunciar-violenciadiz-pesquisa.html>. Acesso em: fev. 2019. Adaptado.
Texto 2
Papa diz que padres submeteram freiras a escravidão sexual
No avião que o levava de volta à Itália, o papa Francisco admitiu a jornalistas que padres e bispos abusaram sexualmente de freiras, um tema considerado tabu, que ele nunca abordara antes. “ Houve padres e também bispos que fizeram isso”, reconheceu Francisco ao ser questionado por uma jornalista, que se referiu a uma matéria publicada em uma revista mensal do Vaticano.
Sem mencionar nomes, Francisco também afirmou que seu antecessor, Bento XVI, dissolveu uma congregação porque a escravidão se tornara parte da congregação [...] “Trabalhamos por muito tempo sobre esse assunto. Suspendemos vários clérigos [...]”, afirmou Francisco, sem mencionar nomes nem países. “Não sei se o processo (canônico) terminou, mas também dissolvemos algumas congregações femininas que estiveram muito vinculadas a esta corrupção.”
Recentemente, diversas freiras, encorajadas pelo movimento #Metoo [iniciado nos EUA], começaram a vir a público denunciar abusos sofridos por padres e bispos. No ano passado, a União Internacional de Madres Superioras, que representa mais de 500 mil freiras, conclamou suas integrantes a denunciar abusos.
O Globo. Mundo.
Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/papa-diz-que-padres-submeteram-freiras-escravidao-sexual-23430789>. Acesso em: fev. 2019. Adaptado.
Texto 3
Cultura machista está por trás da violência contra as mulheres, dizem especialistas
Gilberto Costa, Agência Brasil
Apesar dos recentes casos de agressões contra as mulheres, pesquisadoras e ativistas feministas avaliam como positiva a implementação da lei [Maria da Penha] que criou mecanismos para conter a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Para a socióloga Lourdes Maria Bandeira, professora da Universidade de Brasília (UnB), a lei se popularizou e teve o efeito prático e simbólico de dar visibilidade à violência de gênero. No entanto, ela afirma que, apesar dos avanços, muitas mulheres não têm autonomia emocional e afetiva e sofrem com a permanência de uma matriz moral tradicional que estabelece uma divisão de trabalho injusta com o sexo feminino.
Segundo ela, a mesma matriz moral também está por trás das relações de poder e posse dos homens sobre as mulheres, agravadas pela misoginia (sentimento de desprezo dos homens contra as mulheres) que explicaria, por exemplo, a extrema crueldade usada para matar Eliza Samudio, examante do goleiro Bruno, do Flamengo.
A biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que empresta o nome à lei e também foi vítima de violência, aponta a ideologia machista ao analisar o comportamento da Justiça. “Os magistrados de hoje são, em grande parte, oriundos daquela cultura machista que existia no passado. A gente tem que colaborar chamando atenção da sociedade, mostrando essas aberrações de pessoas que estão ali para proteger as mulheres e ninguém protege.” Para ela, a cultura machista deve ser desconstruída por meio de um trabalho educativo.
Jusbrasil
Disponível em: <https://agencia-brasil.jusbrasil.com.br/noticias/2311818/cultura-machista-esta-por-tras-da-violencia-contraas-mulheres-dizem-especialistas>. Acesso em: fev. 2019. Adaptado.
Com base nos textos apresentados, escreva uma dissertação argumentativa sobre o tema.