Coletânea de textos: os textos foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, argumentos e opiniões relacionadas com o tema. Eles não representam a opinião da banca examinadora: são textos como aqueles a que você está exposto na sua vida diária de leitor de jornais, revistas ou livros, e que você deve saber ler e comentar. Consulte a coletânea e utilize-a segundo as instruções específicas dadas para o tema.

Os anos que antecedem a passagem de um século costumam ser marcados por crises de valores morais e sociais. Amedrontados e ao mesmo tempo seduzidos por uma ameaça difusa de ''final dos tempos'', os homens buscam, nesses momentos, heróis que os ajudem a superar essa passagem.

Selecione, da coletânea abaixo, as informações e argumentos que, do seu ponto de vista, sejam relevantes para a elaboração de uma dissertação sobre o tema: Nossa sociedade de final de século e seus heróis.

Redija essa dissertação. Em seu texto você deverá expor e comentar, de forma coerente, alguns dos aspectos envolvidos no tema proposto. Você poderá utilizar, também, outras informações que julgar pertinentes.

Há de chover uma grande chuva de estrelas e aí será o fim do mundo. Em 1900 se apagarão as luzes.

(Profecia escrita em caderno encontrado em Canudos. Transcrita por Euclides da Cunha em Os Sertões)

O pânico que o homem sente do espaço público, da noite e do semelhante que ele não conhece é o mesmo de 50 anos atrás, com alguns agravantes. Quando surgiu o personagem Batman, em 1939, muito deste pânico era premonição. Hoje, depois da Guerra Mundial, depois dos armamentos nucleares, e do complexo a que se chama violência urbana incontrolável, esse pânico é uma estranha paranóia legitimada na experiência de cada um. Batman ainda pega como pega porque é confortável acreditar, como há 50 anos, que aquele grã-fino milionário, nobre, aristocrata da nata da elite, (...) pode ser, se necessário,(...) um morcego vingador: pode ser mais bárbaro que toda a barbaridade junta e assim salvar a civilização.

(Eugênio Bucci, "Herói transita entre a utopia e o real podre." Em: Folha Ilustrada, 26.10.89)

Os super-heróis americanos estão mudados (...). Não é que alguém tenha deixado de voar ou de lançar teias, mas o novo e maior inimigo dos mascarados é simplesmente a própria sociedade (...). O Demolidor o advogado cego já não acredita na justiça. Os X-Men são acusados de heresia por um pastor. Capitão América monta uma empresa de marketing. As drogas invadem a vida do Arqueiro Verde. O Homem Aranha ainda luta para terminar o doutorado. Heróis têm filhos, se drogam, matam e morrem.

(André Vaisman, Revista CAOS n2 5, 1989)

O fim espantosamente súbito do Muro de Berlim(...) serve de símbolo para um dos maiores fatos históricos do século XX. O século que foi marcado pela I Guerra Mundial, deflagrada pela Alemanha em 1914, que esteve na gênese da revolução que instaurou o comunismo na Rússia em 1917, o século que viu a Alemanha se armar até os dentes e provocar a II Guerra Mundial em 1939, que resultou na derrota do nazismo e na divisão da Europa em dois blocos e do mundo em duas doutrinas~ o comunismo e o capitalismo, é esse século que teve seu maior marco derrubado(...).

(Revista VEJA, ano 22, n2 45)

O suvenir mais vendido atualmente nas lojas do centro de Berlim Ocidental é uma camiseta com uma caricatura do dirigente soviético, Mikhail Gorbatchev, vestido de Batman(...).

No desenho, o presidente Gorbatchev, vestido de Batman, aparece arrebentando o Muro, próximo ao portão de Brandenburgo (...). Abaixo da caricatura, está escrito "9.11.89", data em que o Muro caiu, e a palavra "Danke" (obrigado, em alemão).

O personagem estilizado foi apelidado de "Batgorbatchev" ou "Gorbatchevman".

(Folha de são Paulo, 21 .11 .89)

Os trechos transcritos a seguir fazem referência a mortes ocorridas em circunstâncias misteriosas:

I - Houve um inquérito( ... ) e o veredicto foi suicídio. A Única foi levantada pelo legista, que disse achar estranho um homem dar um tiro na cabeça exatamente no meio da testa. Mas essa tinha sido a única dúvida. A coisa toda era muito simples. A porta trancada por dentro, a chave no bolso do morto, as janelas bem fechadas, a pistola na mão.

(Agatha Christie)

II - Aparentemente, Walker tinha se suicidado. Tomara uma dose excessiva de barbitúricos. E no entanto, alguma coisa estava errada ( ... ). Talvez fosse a posição do corpo: dentro do televisor e olhando para fora. No chão havia um bilhete dizendo: 'Querida Edna. O terno de lá me provoca coceira, portanto decidi dar cabo da vida( ... ). Deixo-lhe toda a minha fortuna, com exceção do chapéu de feltro, que lego ao planetário. Não tenha pena de mim, pois estou me sentindo bem e prefiro a morte a pagar aluguel. Adeus. Assinado, Henry.'

(Woody Allen)

Escolha um dos trechos e, com base nos elementos nele fornecidos, escreva uma narrativa em primeira pessoa em que o narrador seja o detetive encarregado de investigar o caso.

Instruções complementares:

- Para elaborar sua narrativa você deverá supor que o caso relatado faz parte de um livro em que o detetive registra os casos mais intrigantes de sua carreira policial.

- A narrativa deverá centrar-se nos motivos e circunstâncias que levaram à morte.

- Não se esqueça de indicar o trecho que você escolheu

TEMA C

Uma polêmica reportagem sobre o cantor Cazuza, publicada em abril deste ano na revista VEJA ("Cazuza: uma vítima da Aids agoniza em praça pública"), provocou manifestações apaixonadas de muitos leitores. Centenas de cartas foram enviadas à redação da revista, comentando a reportagem.

Duas dessas cartas, que manifestam pontos de vista radicalmente opostos, são transcritas a seguir:

I - "Considero super importante a reportagem sobre o Cazuza. Talvez ela contribua para que as pessoas sintam e respeitem o problema da Aids. Torna-se imprescindível continuar a tratar as pessoas contaminadas como seres humanos."

(M.C.M., são Paulo. VEJA, ano 22, nº 18)

II - "Recebam minha solidariedade pelo 'desagravo' que esquisitas figuras promoveram contra a revista VEJA, no Rio de Janeiro*, por documentar verdades sobre o irracional, abusado e indecoroso Cazuza. De triste memória, este aidético insultou famílias, ofendeu seguidamente o público em seus shows e até desrespeitou o símbolo máximo da nacionalidade, a nossa bandeira. Que os signatários do desagravo lido em noite de gala e noticiado pela TV Globo -- vão todos para os diabos e, ao ordinário Cazuza, que o inferno o receba, em breve e ardentemente."

(A.J., são Paulo. VEJA, ano 22, nº 18)

* Referência a um manifesto de solidariedade ao cantor, assinado por artistas e amigos. Esse manifesto protestava contra a revista, que teria dado um tom sensacionalista a matéria em sua chamada de capa.

Escreva uma carta ao editor da revista VEJA comentando uma das duas cartas acima e argumentando contra os pontos de vista de quem a escreveu.