PROPOSTA DE REDAÇÃO
Em seus livros As Tecnologias da Inteligência e A Inteligência Coletiva, o filósofo francês Pierre Lévy argumenta que a internet e as mídias relacionadas a essa rede são as novas tecnologias de inteligência que aumentam os processos intelectuais dos seres humanos e que criam um novo espaço e um conhecimento dinâmico, quantitativo e colaborativo.
Embora essa inteligência coletiva já exista, Lévy defende que, nos dias atuais, o objetivo é aumentá-la e que a principal forma de fazer isso é através da mídia e de sistemas simbólicos. Ele lembra que o primeiro salto em direção ao aumento da inteligência humana coletiva foi a invenção da escrita, sucedida pelo surgimento de mídias mais complexas, sutis e eficientes, como o papel, o alfabeto e os sistemas posicionais que representam números, avanços que desencadearam, enfim, a invenção da imprensa e da mídia eletrônica. O filósofo complementa: “agora estamos em um novo estágio do aumento da inteligência humana coletiva: o estágio digital. Nossa nova estrutura técnica nos proporcionou uma comunicação onipresente, que propicia acesso a qualquer tipo de informação quase de graça, da qual o melhor exemplo é a Wikipédia. Podemos também falar em blogs, redes sociais e o crescente movimento do código aberto. Quando se tem acesso a toda essa informação, quando se pode participar de redes sociais que impulsionam aprendizado colaborativo, e quando se tem algoritmos ao seu alcance, que podem auxiliar a fazer muitas coisas, há um aumento genuíno na inteligência humana coletiva, um aumento que implica a democratização do conhecimento”.
Entretanto, Lévy ressalta que “temos uma grande responsabilidade pelo que ocorre on-line. O que quer que esteja acontecendo é resultado do que todas as pessoas estão fazendo juntas; a internet é a expressão da inteligência humana coletiva. Também temos que desenvolver pensamento crítico. Tudo que se encontra na internet é uma expressão de pontos de vista particulares, que não são nem neutros, nem objetivos, mas uma expressão de subjetividades ativas”.
(Sandra Álvaro. “Pierre Lévy: ‘A questão é: como usaremos as novas tecnologias de forma significativa para aumentar a inteligência humana coletiva?’”. www.fronteiras.com, 04.07.2019. Adaptado.)
TEXTO 2
A atual hegemonia da linguagem da informação é obviamente contestável. Há muitos canais de televisão e estações de rádio dedicados exclusivamente à informação, vinte e quatro horas por dia. Há o imenso mundo da internet. Por ele navegamos em busca da informação e já está sendo ensinado aos estudantes a se habituarem a esse mundo desde o jardim de infância. Tudo são conexões e fluxos de informações que se deslocam de um lado para outro de forma praticamente instantânea. Com isso, se produz um estranho paradoxo: se, por um lado, a linguagem informativa fixa e assegura as coisas, por outro lado, a enorme massa de informação que se reproduz e se multiplica dia após dia faz com que o resultado seja muito efêmero — tudo caduca muito rapidamente; as manchetes da semana passada hoje são pré-história ou já não são nada; o fluxo substitui incessantemente o fluxo, a informação vai sendo substituída fluidamente por outra novidade.
O cidadão conectado se sente muito informado quase só pelo fato de que tem disponível tão enorme quantidade de informação, a qual, além disso, se atualiza dia a dia. Mas aqui falta algo. Por acaso não é evidente que uma informação elaborada e pensada não é a mesma coisa que um dado? Já esquecemos que o raciocínio necessita de amadurecimento e que dispor de informação não é o mesmo que raciocinar? Além do mais, como temos tanta informação, parece que não seria necessário pensar, que tudo já estaria dado e estabelecido. Mas o raciocínio, o pensamento e a reflexão são palavras com as quais se tentou descrever esse processo, nunca rápido e fácil, pelo qual o homem se forma.
(Josep Maria Esquirol. O respeito ou o olhar atento: uma ética para a era da ciência e da tecnologia, 2008. Adaptado.)
TEXTO 3

(Patrick Chappatte. https://essaseoutras.com.br.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A INTELIGÊNCIA HUMANA NA ERA DIGITAL ENTRE O EXCESSO DE INFORMAÇÕES E O USO DO PENSAMENTO CRÍTICO