PROPOSTA DE REDAÇÃO
Homeschooling: a polêmica da educação familiar
O Homeschooling, ou Educação Domiciliar, é a prática de realizar o processo de educação básica dos filhos em casa, seja lecionado pelos próprios pais ou por tutores ou profissionais contratados. A carga horária e as disciplinas da grade curricular ficam a cargo dos pais. Há um Projeto de Lei (3269/19) já aprovado na Câmara em maio de 2022 e, agora, só depende de aprovação no Senado Federal.
Entre os argumentos a favor da prática, além da insatisfação com a qualidade dos ensinos público e privado, estão: o bullying, a violência nas escolas e a insatisfação com classes com alunos de diferentes idades juntos. Em uma pesquisa feita pela Associação Nacional de Educação Familiar (Aned), um terço das famílias que já optaram pela educação domiciliar, isso é, que ganharam permissão antes do parecer do STF, afirma que aderiu à prática por buscarem uma educação personalizada, que permite explorar os talentos e potenciais dos filhos. Com o número elevado de alunos em cada sala, muitos pais afirmam que não têm como cada criança receber uma atenção pessoal e que isso pode prejudicar o aprendizado. Um estudo personalizado, então, poderia tirar melhor as dúvidas, aplicar mais tempo ou menos tempo em uma disciplina ou área do conhecimento, conforme a dificuldade da criança. Muitos pais relatam, ainda, que a qualidade de ensino melhorou, pois os filhos recebem atenção exclusiva e conseguem desenvolver um aprendizado autodidata. [...]
Texto adaptado de: https://www.daquibh.com.br/homeschooling-a-polemica- da-educacao-domiciliar/. Acesso 02 de jun 2022.
TEXTO 2
Brasil coloca um muro entre a família e o mundo social
A Câmara dos Deputados aprovou recentemente projeto que regulamenta o homeschooling ou ensino domiciliar. Os estudantes deverão estar matriculados em uma instituição de ensino e um dos responsáveis pela tutoria deverá ter escolaridade de nível superior em curso reconhecido. Mas o projeto de lei está sendo criticado por especialistas com base na Constituição. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora do Departamento de Filosofia da Educação da Faculdade de Educação (FE) da USP, Carlota Boto, disse esperar que o projeto seja rejeitado pelo Senado e argumenta que ele viola o direito das crianças de frequentarem a escola, a qual é uma instituição que se interpõe entre a família e o mundo social e prepara o indivíduo para conviver em sociedade. [...]
A professora reflete sobre a capacitação dos tutores responsáveis, visto que nas escolas os professores possuem formação específica para ensinar as crianças. “Ninguém teria a ideia de tirar a criança de um médico e se tornar médico dessa criança. Mas por que, na situação da educação, pode-se fazer e colocar a situação análoga?”, questiona. Segundo Carlota, estudos sobre o ensino domiciliar têm mostrado que há um vetor religioso acerca das famílias que escolhem esse tipo de educação para os filhos, pois não querem que eles tenham contato com teorias educacionais consideradas ímpias. A professora considera isso grave e diz que é importante que as crianças aprendam conteúdos que possam contrariar os interesses dos pais, já que isso faz parte do aprendizado. Ela ainda afirma que é perigoso a família se colocar como a única instituição na vida de uma criança.
Outro ponto é o viés elitista do projeto enxergado por Carlota. Ela pondera sobre a probabilidade de um adolescente, o qual possui várias matérias no ensino médio, precisar de muitos profissionais de ensino para acompanhá-lo. “Isso vai exigir a contratação de professores particulares e, nesse sentido, apenas as famílias de renda alta é que poderão arcar com essa despesa. Me parece absolutamente injusto no que diz respeito à própria igualdade de condições.”
Um último aspecto apontado pela professora é o favorecimento da violência doméstica: “A escola percebe quando a criança vem machucada, traumatizada. Se a família controla o que acontece na escola, a escola também, em certa medida, controla o que acontece na família. São duas instituições que deverão continuar se complementando e se autorregulando”, exprime. Carlota finaliza opinando que o homeschooling tem potencial para atingir um grupo muito pequeno no Brasil e que a demanda não é razoável para justificar a aprovação do projeto.
Texto adaptado de: https://jornal.usp.br/atualidades/. Acesso 05 de jul 2020.
GÊNERO TEXTUAL – CARTA DE SOLICITAÇÃO
Contexto e comando de produção: O projeto que regulariza o ensino domiciliar no Brasil já foi aprovado pela Câmara dos Deputados; entretanto ainda precisa ser aprovado pelo Senado Federal. Qualquer cidadão pode, portanto, participar da discussão, opinar, sugerir. Seu professor de língua portuguesa pede que você, como aluno do Ensino Médio, escreva uma CARTA DE SOLICITAÇÃO endereçada a um senador, a fim de que você participe opinando democraticamente das decisões políticas do país. Nessa carta, você deverá explicitar sua posição favorável à regulamentação do ensino domiciliar no Brasil, ou contra ela, e solicitar ao senador que vote considerando os argumentos que você apresentará. Para escrever sua carta, leve em consideração as ideias dos textos de apoio e outras que considerar pertinentes, além das seguintes orientações: a) contextualize o tema e apresente o motivo da carta; b) apresente sua solicitação; c) justifique seu pedido com argumentos. Seu texto deverá ter no mínimo 15 e no máximo 22 linhas. ASSINE COMO CIDADÃO OU CIDADÃ. NÃO DEIXE LINHAS EM BRANCO ENTRE AS PARTES DO TEXTO.