PROPOSTA DE REDAÇÃO
Trabalhadores invisíveis são profissionais com funções sociais fundamentais, porém desvalorizadas. A invisibilidade de tais indivíduos ocorre devido ao seu poder aquisitivo diminuto, aos direitos relativizados e devido ao preconceito por parte de uma parcela da classe alta.
Em relação à maior parte da classe trabalhadora, os profissionais invisíveis geralmente não são notados devido ao fluxo acelerado verificado nos grandes centros urbanos. Assim, o cidadão, sempre em estado de alerta referente a suas atividades diárias e aos horários apertados, dificilmente nota a pessoa que presta serviços essenciais.
Garis, entregadores, camelôs, ascensoristas, cobradores, jardineiros, faxineiros, coletores, gandulas, entre outros, são considerados trabalhadores invisíveis. Além de sua invisibilidade como prestadores de serviços, não são notados em relação às condições econômicas e materiais.
A maior dificuldade da invisibilidade é o não atendimento de suas reivindicações como profissional perante as empresas. O ideal é que as companhias apresentem políticas de valorização desses trabalhadores por meio do reconhecimento financeiro e pessoal e do acompanhamento de suas necessidades como prestadores de serviço remunerado.
(Felipe Araújo. “Trabalhadores Invisíveis”. www.infoescola.com. Adaptado.)
Texto 2
Você já se perguntou qual a sensação de se sentir invisível? Para profissionais de diversas áreas, essa sensação se faz presente o tempo quase todo. Mesmo desempenhando funções essenciais, como varrer as ruas, sepultar pessoas ou coletar materiais recicláveis, muitos trabalhadores são simplesmente ignorados pela maioria das pessoas. Ou até mesmo humilhados. Os catadores, por exemplo, são responsáveis pela coleta de quase 90% do lixo reciclado no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas poucas pessoas lembram desse tipo de informação quando se fala nesses trabalhadores.
O tema da invisibilidade de certos profissionais inspirou até uma tese de doutorado em Psicologia Social. Durante dez anos, o pesquisador Fernando Braga da Costa se vestiu de gari ao menos uma vez por semana para vivenciar o dia a dia da profissão e conversar com quem depende dela para sobreviver. Entre as muitas constatações que fez está a de que, apenas por colocar a roupa de gari, ele se tornava quase automaticamente invisível. Muitos colegas e professores que conviviam com ele na Universidade de São Paulo (USP), ao verem-no vestido de gari varrendo as ruas da própria universidade, já não o reconheciam. “Essa invisibilidade é uma expressão construída historicamente a partir de dois fenômenos psicossociais: a humilhação social e a reificação (transformação em coisa)”, aponta Costa.
Elizangela Gomes, de 38 anos, trabalha como gari há 7 anos. Filha de pedreiro e empregada doméstica, ela relata que já vivenciou episódios de humilhação no trabalho, mas diz não se importar. “Tem gente que passa por nós e cospe, mas eu não ligo para isso”. Outro episódio que Elizangela relata aconteceu com uma amiga, que exerce a mesma profissão. “Ela pediu um copo de água para a pessoa. Essa pessoa deu o copo de água, mas disse para ela jogar o copo fora”. Por conta de humilhações, Elizangela conta que uma colega tem vergonha de dizer que é gari. “Ela chega em casa, lava o uniforme e esconde. Quando perguntam sobre o traba-lho dela, ela diz que trabalha em um escritório”. Mãe de dois filhos, uma garota de 19 anos e um menino de 13, Elizangela diz que gostaria de ter um outro emprego, mas que a priori-dade no momento são os filhos. “Queria fazer um curso de enfermagem, mas agora, com filhos e contas para pagar, é muita coisa, aí fica difícil”.
(Caio Lencioni. “Profissões invisíveis: como é não ser enxergado pela sociedade”. https://observatorio3setor.org.br, 08.08.2018. Adaptado.)
Texto 3
A merendeira desce, o ônibus sai
Dona Maria já se foi, só depois é que o sol nasce
De madruga que as aranha desce no breu
E amantes ofegantes vão pro mundo de Morfeu
E o sol só vem depois
O sol só vem depois
É o astro rei, okay, mas vem depois
O sol só vem depois
Anunciado no latir dos cães, no cantar dos galos
Na calma das mães, que quer o rebento cem por cento
E diz “leva o documento, Sam”
Na São Paulo das manhã que tem lá seus Vietnã
Na vela que o vento apaga, afaga quando passa
A brasa dorme fria e só quem dança é a fumaça
Orvalho é o pranto dessa planta no sereno
A lua já tá no Japão, como esse mundo é pequeno
Farelos de um sonho bobinho que a luz contorna
Dar um tapa no quartinho, esse ano sai a reforma
O som das criança indo pra escola convence
O feijão germina no algodão, a vida sempre vence
Nuvens curiosas, como são
Se vestem de cabelo crespo, ancião
Caminham lento, lá pra cima, o firmamento
Pois no fundo ela se finge de neblina
Pra ver o amor dos dois mundos
[...]
(Damien Alain Faulconnier e Leandro Roque de Oliveira. “A ordem natural das coisas”. AmarElo, 2019.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Trabalhadores invisíveis: por que, apesar de essenciais, são ignorados pela sociedade?