PROPOSTA DE REDAÇÃO

Texto 1
A medicalização da vida faz mal à saúde. Entrevista especial com José Roque Junges
A partir da obra de Ivan Illich, o pesquisador pondera que a medicalização torna a saúde e a doença realidades heterônomas, uma vez que retira a responsabilidade e o protagonismo do processo da cura e da qualidade de vida do usuário para entregá-lo à expertise técnica.
“A medicina está sendo reconfigurada e ressignificada a serviço dessa grande revolução biopolítica-econômica-cultural de apropriação da vida. A medicalização da vida só é compreensível em sua profundidade e amplidão tendo presente esse contexto científico cultural com suas crescentes repercussões bioeconômicas, possibilitadas pelo mercado das biotecnologias”. A afirmação é do filósofo e teólogo José Roque Junges na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU on-line. Ele destaca que para Ivan Illich, a melhoria da saúde não depende da medicina, mas da melhoria da alimentação e do saneamento. “As intervenções médicas só aparecem em terceiro lugar e ligadas mais à cura da doença do que verdadeiramente à promoção da saúde”, adverte. E acrescenta: “níveis melhores de saúde na população não dependem primordialmente de intervenções médicas, mas de outras ações intersetoriais que criam as condições ambientais para a reprodução social da vida e para a potencialização de uma vida com qualidade. Illich diria que a medicalização da vida e o excessivo poder médico fazem mal à saúde, porque impedem que as pessoas assumam com autonomia e autocuidado apoiado, a própria situação, já que saúde significa essencialmente capacidade de reação, e os terapeutas estão a serviço dessa capacidade reativa de autocuidado”.
Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/>. Acesso em: 1º out. 2018, com adaptações.
Texto 2

Disponível em: <https://circuitopsi.com.br/tdah/>. Acesso em: 1º out. 2018.
Texto 3
Hoje a medicação é largamente influenciada pela mídia e pelas campanhas de marketing, financiadas pela indústria farmacêutica que socializa e dissemina o paradigma do discurso médico, o qual se mostra como o grande detentor da verdade acerca do sofrimento psíquico e de sua natureza. Assim, é preciso discutir o aumento do uso indiscriminado de psicofármacos, a fim de pensar outras estratégias em saúde mental e atenção psicossocial nesses contextos.
O mal-estar é inato à condição humana. Cedo ou tarde, todos nós o experimentaremos, já que não somos capazes de dominar a natureza e o nosso corpo. A medicação é a principal promessa de que esse mal-estar seria codificado em doença e tratado por ela. Seria um dispositivo de nomeação dessas inquietações e, para cada uma delas, um fármaco específico de combate. Não é nenhuma surpresa, então, que a infelicidade que mascaramos, e fingimos não existir, apareça tão pungente em nossas relações sociais e afetivas. O que houve, na verdade, é a transição da camisa de força para a escravização medicamentosa.
ZANELLA, Michele; LUZ, Heloisa. Medicalização e saúde mental: estratégias alternativas. Disponível em: <http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/>. Acesso em: 1º out. 2018, com adaptações.
Considerando que os textos apresentados e os da Prova de Língua Portuguesa têm caráter meramente motivador, redija um texto dissertativo-argumentativo, em modalidade escrita formal, acerca da seguinte questão:
Medicalização: forma de controle dos sentimentos da sociedade contemporânea ou consequência inevitável dos processos de transformação de uma sociedade em desequilíbrio emocional?