O que é permitido e proibido durante os Jogos Olímpicos está estabelecido na Carta Olímpica, um conjunto de princípios fundamentais, regras e estatutos da competição. Na Regra 50, que versa sobre a expressão de opiniões de atletas e participantes, consta que nenhum tipo de demonstração ou propaganda política, religiosa ou racial é permitido nos locais oficiais das competições, instalações ou outras áreas relacionadas ao evento. Isso inclui também a Vila Olímpica e as cerimônias de entregas de medalhas, abertura e encerramento. A determinação, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), visa garantir que o foco do evento sejam o desempenho dos atletas, o esporte e os princípios de unidade e universalidade dos Jogos.

Em 2019, o COI fez uma consulta global com os 3 500 atletas representantes de 185 Comitês Olímpicos Nacionais e 41 esportes para redigir as diretrizes da Regra 50. No levantamento, cerca de 70% dos entrevistados afirmaram que não era apropriado demonstrar ou expressar suas opiniões nos locais das competições, em cerimônias oficiais ou nos pódios.

(Alice de Souza. “Protestos e religião: o que é proibido nos Jogos Olímpicos”. www.dw.com, 30.07.2024. Adaptado.)

A velocista francesa Sounkamba Sylla afirmou ter sido impedida de participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 usando o hijab, véu religioso tradicional para cobrir os cabelos de mulheres muçulmanas.

Segundo o jornal francês Le Parisien, o Comitê Olímpico Francês sugeriu que a atleta substituísse o hijab por um boné durante o desfile inaugural dos jogos. O Ministério do Esporte da França considerou que o “uso de sinal religioso ostensivo” não era compatível com o princípio de neutralidade do país. Sylla, que faz parte das equipes de revezamento feminino e misto de 400 metros, aceitou a sugestão para poder participar da cerimônia.

(Marina Verenicz. “Comitê francês impede atleta de usar hijab na abertura da Olimpíada”. www.cartacapital.com.br, 25.07.2024. Adaptado.)

A imposição do Comitê Olímpico Internacional (COI) contra manifestações de fé durante as Olimpíadas de Paris 2024 não amedrontou alguns atletas que, apesar da proibição, mostraram sua crença e possibilitaram a abertura do debate sobre a importância da liberdade religiosa. Para isso, há quem decidiu beijar o crucifixo que carregava no pescoço durante uma entrevista ao vivo, personalizar sua camiseta com um agradecimento a “Deus, Jesus e ao Espírito Santo” ou ainda usar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para recitar um verso bíblico, por exemplo.

Afinal, “os atletas se sentiram à vontade, apesar das restrições da organização do evento, para manifestarem sua fé”, afirma Marco Cruz, secretário-geral da organização internacional Portas Abertas, que apoia cerca de 365 milhões de cristãos no mundo. Segundo ele, proibir a manifestação religiosa viola a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A decisão contraria a proposta original dos próprios Jogos Olímpicos, explica o historiador Julio Cesar Chaves. De acordo com o historiador, a realização do evento a partir do século XIX foi uma retomada do que ocorria na Antiguidade, um festival religioso realizado pelos gregos em homenagem a Zeus: “Logo, me parece bastante incoerente com o espírito e a proposta original dos Jogos Olímpicos — de relembrar e reavivar as Olimpíadas gregas — excluir qualquer menção à religião”.

(Raquel Derevecki. “7 atletas que desafiaram o COI e manifestaram sua fé nas Olimpíadas 2024”. www.gazetadopovo.com.br, 10.08.2024. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Manifestações religiosas devem ser permitidas em Jogos Olímpicos?