Questão
Universidade Estadual de Maringá - UEM
2013
Fase Única
PROPOSTA-REDACAOUm6228dbe7f6e
Discursiva
PROPOSTA DE REDAÇÃO

Um copo de Coca, uma dose de culpa

Cientistas, médicos e dentistas pedem maior controle. Mas há mais perguntas que certezas

Um fantasma assombra a indústria de refrigerantes: o fantasma da regulamentação. Assim como aconteceu com o álcool e, mais ainda, com o cigarro, o qual só por muita teimosia ainda resiste à fiscalização pública e privada, restrições para a venda e o consumo de refrigerantes podem estar a caminho. Ainda que seja improvável que um dia a gente venha a ter de mostrar o RG para comprar uma latinha de guaraná diet, não é delírio perceber que o processo de culpabilização, com apoio da comunidade científica e aplauso da medicina clínica, já começou: tanto para quem produz quanto para quem consome.

“Cigarro mata comprovadamente”, compara o doutor Drauzio Varella, símbolo da luta antitabagismo no Brasil. “Refrigerante ajuda a disseminar obesidade, que eventualmente mata, mas não é a única causa”. Obesidade – o problema existe, trata-se de uma patologia crônica e que pode evoluir para pior. Bebidas que excedam em açúcares e em calorias contribuem, como alerta Drauzio, para aumentar a vulnerabilidade dos gordinhos e das gordinhas, mas o que é mais nefasto: o refrigerante ou o saco gigante de pipoca no cinema? A discussão ainda engatinha.

O prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, bem que tentou passar à ação, em 2012, banindo por decreto refrigerantes em embalagens de meio litro. Assim, a polêmica ganhou importante significado simbólico, pois Nova Iorque costuma ditar modas e tendências. Foi lá, em 2002, que o próprio Bloomberg determinou a proibição do cigarro de todos os locais públicos, modelo seguido mundo afora. No entanto, em abril deste ano, um juiz federal revogou o decreto do refrigerante.

“Não sei o que o Ministério da Saúde e a Anvisa estão esperando”, reclama Rodrigo Bueno de Moraes, consultor científico da Associação Brasileira de Odontologia. Ele professa “uma preocupação enorme” quando o assunto são refrigerantes e diz que “classicamente os açúcares envolvidos na produção configuram quase um crime”. Acidez na cavidade bucal, aumento de risco de cáries e lesões na gengiva sugerem ao dentista medidas de constrangimento radical como as tarjas que acompanham os maços de cigarros.

Crianças e adolescentes, claro, são mais vulneráveis à tentação do doce e das calorias. “O Let’s Move, de Michelle Obama, procura incentivar os colégios a balancearem as dietas dos refeitórios com frutas e saladas”, lembra Claudia Cozer, doutora em Endocrinologia pela USP e coordenadora do Núcleo de Obesidade do Hospital Sírio-Libanês. A primeira-dama não mexeu na lei, mas inspira novos hábitos. “Até os parques da Disney passaram a servir comida menos calórica, menos fritura, porções menores”.

A doutora Claudia está convencida de que restringir as porções, como quis Bloomberg, é, sim, um jeito engenhoso de evitar a dilatação do estômago e, portanto, de reduzir a propensão à obesidade. Segundo Claudia, há embalagens plásticas, PETs e caixinhas que contêm substâncias químicas propensas a causar mudanças nos receptores nucleares das células, afetar o metabolismo do indivíduo e aumentar a capacidade de armazenar gordura. Também alerta que fórmulas como a da Coca Zero podem estar trocando um mal pelo outro. “Traz o dobro de sódio”, observa. E sal é o supervilão para quem tem pressão alta.

(Adaptado de Carta Capital. 12 de junho de 2013.)

GÊNERO TEXTUAL – RESPOSTA ARGUMENTATIVA

Após a leitura do texto Um copo de Coca, uma dose de culpa, elabore uma RESPOSTA ARGUMENTATIVA, com no mínimo 10 e no máximo 15 linhas, respondendo à seguinte questão: O CONSUMO DE REFRIGERANTES DEVE SER REGULAMENTADO POR LEI?