PROPOSTA DE REDAÇÃO
COLETÂNEA
TEXTO 1
A tecnologia está nos transformando em animais
Frank Partnoy
[...]
A tecnologia piorou o nosso senso de pressa. Hoje as pessoas esperam uma resposta imediata para tudo com a internet, redes sociais como o Twitter, etc. Essas ferramentas são fantásticas, mas também perigosas. Geralmente as nossas primeiras reações são erradas ou tendenciosas. Elas não nos dão tempo para refletir. Daí voltamos para a questão da diferença entre humanos e animais. Nós somos capazes de pensar, de contemplar o futuro. A tecnologia está nos desumanizando, nos transformando em animais que apenas reagem instantaneamente. Acabamos perdendo muito com isso. Por exemplo, houve esse caso terrível do massacre na escola em Newtown, recentemente. Começou uma pressão incrível e imediata na mídia por informações. E ela foi tanta que, inicialmente, uma pessoa errada foi apontada como o atirador. Esse tipo de coisa está acontecendo com cada vez mais frequência.
[...]
Se os médicos em um pronto-socorro puderem tirar alguns segundos ou minutos extras para fazer uma pergunta a mais ao paciente ou examiná-lo melhor, isso é positivo. Os bombeiros se saem melhor se levarem alguns segundos a mais para analisar a situação. Quanto mais especializados nos tornamos em um assunto, maior é o nosso excesso de confiança, e daí é mais fácil cometermos erros. Não é sempre que precisamos ser lentos. O ponto é identificar qual é o seu “universo de tempo” e maximizá-lo coletando informações e refletindo sobre elas.
(PARTNOY, Frank. IstoÉ, São Paulo, n. 2253, Ano 37, p. 6-8, 23 jan. 2013.)
TEXTO 2
Uma nova ciência social
Luli Radfaher
O mundo está cada vez mais complexo. Os velhos modelos de abstração não conseguem dar conta da crescente sofisticação e interligação dos sistemas digitais. De uma rede de comunicação global, a internet evoluiu para uma espécie de memória coletiva, a que boa parte dos processos é delegada. Smartphones, computação em nuvem e internet das coisas, cada vez mais familiares, mensuram cada transação e, por meio da compilação de dados, definem quem é você, o que faz e onde passa a cada instante.
Big Data, quem diria, pode transformar as ciências humanas. Ao simular a complexidade social a partir de regras simples, como é feito em meteorologia e macroeconomia, computadores descobriram que o comportamento humano pode ser previsível, já que é derivado de opções limitadas pelos ambientes coletivos. Por mais que o livre-arbítrio tente provar o contrário, o estado de um indivíduo conectado depende cada vez mais dos estados de seus vizinhos e das regras que determinam como ele deve responder a eles.
[...]
(RADFAHER, Luli. Disponível em: http://www1.folha.uol. com.br/colunas/luliradfahrer/. Acesso em: 20 jan. 2013.)
TEXTO 3
O lado sombrio da tecnologia
Susan Greenfield
[...]
“O Alzheimer, à medida que avança, provoca a perda de células cerebrais, conduzindo o paciente a um estado de alienação crescente. [...] computadores, tablets, smartphones, enfim, todos os dispositivos interativos, quando usados excessiva e ininterruptamente, deixam a mente em um estado de confusão sobre o aqui e o agora muito semelhante aos efeitos do Alzheimer. As pessoas nesse estado perdem momentaneamente a noção clara do que seja passado, presente ou futuro. Alguém imerso nesse universo virtual está sempre de prontidão para responder rapidamente a um e-mail ou uma mensagem de bate-papo. Essa disponibilidade instantânea para os apelos digitais interativos, dominada pelos sentidos e não pela cognição, deixa a mente em um estado semelhante ao provocado pelo Alzheimer ou mesmo pelo autismo. Ainda não existem evidências de que o cérebro sadio submetido de maneira intermitente a esses estímulos sofrerá transformações fisiológicas permanentes. No entanto, essa é uma hipótese a se considerar a longo prazo.
[...]
Pelos dados que temos em mãos hoje, ainda não somos capazes de definir esse limite (máximo de tempo de imersão diária no mundo virtual). A questão não é propriamente o tempo que se passa on-line. O cerne do problema é deixar de exercer, por causa da internet, outras atividades essenciais para o desenvolvimento pleno do cérebro e para a manutenção da saúde mental. Passar cinco horas seguidas jogando vídeo game ou no Facebook pode ser bem estimulante, mas são cinco horas a menos para abraçar alguém, caminhar pela praia, conversar cara a cara com um amigo em um bar ou restaurante. [...]
[...]
(GREENFIELD, Susan. Veja, São Paulo, n. 2, Ano 46, p.15-16, 9 jan. 2013.)
TEXTO 4
A web está criando a geração mais inteligente de todas
Don Tapscott
Você não precisa temer a internet. A mente da geração digital parece ser incrivelmente flexível, adaptável e ter um profundo conhecimento de mídia. A imersão em um ambiente digital e interativo fará as pessoas mais inteligentes do que a média dos sedentários que passam o tempo todo assistindo TV no sofá. Em vez de simplesmente receberem as informações, eles interagem. Em vez de apenas acreditarem que um anunciante na TV está falando a verdade, avaliam minuciosamente a mistura de fatos contraditórios ou ambíguos. A internet deu a oportunidade de tornar essa geração a mais inteligente da história.
O que conta não é mais o que você sabe: é o que você pode aprender. Hoje, o importante é processar as informações novas o mais rápido possível. Nós estamos na era da informação, quando, à medida que os empregos mudam, você não pode enviar seus empregados para outro treinamento. Nós precisamos aprender constantemente, pelo resto das nossas vidas.
Esse novo mundo permite que trabalhemos unidos como uma mente só, qualificada para resolver nossos problemas. Agora, os cientistas podem acelerar suas pesquisas ao abrir suas informações e métodos possibilitando que colegas experientes do mundo inteiro colaborem. Médicos podem ajudar comunidades de pacientes onde pessoas com problemas de saúde semelhantes dividem informações, fornecem auxílio mútuo e contribuem para a pesquisa.
Nós entramos numa era de contribuição. Milhões colaboraram com a Wikipédia, e milhares em iniciativas como o Linux e o Projeto Genoma Humano (PGH). Há agora uma oportunidade histórica. Afinal, o potencial para novos modelos de colaboração não termina com a produção de software, mídia e entretenimento. Por que nosso governo, nosso sistema educacional, de saúde, de pesquisas científicas e a produção de energia não têm um “código aberto”? São oportunidades reais e palpáveis, não fantasias.
Vivemos um tempo excitante, em que todos podem participar na produção de informação de maneira que antes era impossível. Para os governos e sociedade como um todo, as evidências mostram que nós podemos armazenar a explosão de conhecimento, colaboração e inovação de negócios para liderarmos vidas mais ricas e cheias, e estimularmos a prosperidade e o desenvolvimento.
(TAPSCOTT, Don. Disponível em: http://revistagalileu. globo.com/cevista/common/. Acesso em: 05 jan. 2013 [Adaptado].)
TEXTO 5
Cabeça
Zeca Baleiro
[...]
Tudo que eu queria era um chiclete e um jornal de esportes para ler na viagem, mas os títulos dos livros nas prateleiras foram atraindo meu olhar. Primeiro avistei “A Cabeça de Steve Jobs”. E em seguida “A Cabeça de Peter Drucker”, que, perdoem a minha ignorância na matéria, até então eu não sabia que existia. Óbvio que fui investigar no oráculo de nossa era, o Google. Drucker, segundo li, foi um analista financeiro austríaco, morto em 2005. É um dos mais influentes estudiosos de gestão de todos os tempos, guru de executivos e ícone do mundo dos negócios.
Diante dos livros, pensei: que diabo de fetiche seria esse por cabeças de homens brilhantes, meu Deus?
Sim, sei que isso é literatura para executivos e empresários. Mas será que há algum incauto entre eles que acredita que, “entrando” na mente de Steve Jobs ou de outro gênio empresarial, terá o mesmo sucesso que ele? Curioso também é notar que, apesar do culto a essas mentes brilhantes, este mundo hipermoderno e ultracapitalista não preza, infelizmente, o que as cabeças têm de mais especial – a própria capacidade de pensar e criar com originalidade e personalidade. O mundo corporativo em geral quer ideias prontas, reconhecidamente bem-sucedidas, não ideias visionárias. Aqui e ali, porém, um pequeno milagre acontece. Aí então o dono da cabeça milagrosa passa a ser objeto de admiração e mesmo adoração (vide os casos de Drucker, Jobs e outros tantos).
[...]
(BALEIRO, Zeca. IstoÉ, São Paulo. Disponível em: http:// www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/. Acesso em: 5 jan. 2013.)
PROPOSTA 1 – ARTIGO DE OPINIÃO
Artigo de opinião é um gênero do discurso argumentativo em que o autor expressa a sua opinião sobre determinado tema, deixando bem marcada uma argumentação que sustenta a defesa do ponto de vista apresentado.
O ato de pensar, efetivamente humano, sempre esteve presente na busca do conhecimento empreendida pelo homem. Tal busca permite a reflexão sobre os resultados e os meios necessários para o desenvolvimento. A era tecnológica tem afetado o modo de agir e de pensar do homem contemporâneo, transformando sua noção de tempo, o que o faz desejar rapidez em todos os aspectos da vida humana, desde o acesso a informações até a resolução de problemas. Essa nova configuração, mediada pelas tecnologias, vem modificando, também, sua competência para refletir, planejar e pesquisar. Imagine a seguinte situação: você é um articulista de uma revista semanal e terá de produzir um texto sobre o tema: Como a Tecnologia Influencia na Capacidade Reflexiva do Homem? Com base nessas informações, na coletânea de textos desta Prova e em seus conhecimentos prévios sobre o tema, produza um artigo de opinião, argumentando convincentemente em defesa de seu ponto de vista.
PROPOSTA 2 – CARTA DE LEITOR
Reflita sobre o tema Como a Tecnologia Influencia na Capacidade Reflexiva do Homem? e escreva uma carta de leitor, endereçada ao autor, Don Tapscott (texto 4), em que você defende um ponto de vista contrário ao que ele apresenta em seu artigo.
Considere as marcas de interlocução peculiares ao gênero carta na construção do seu texto e apresente argumentos convincentes. Utilize a coletânea e seus conhecimentos prévios sobre o tema.
PROPOSTA 3 – CRÔNICA
Imagine a seguinte situação: você é um jornalista cético em relação às vantagens da tecnologia. Ao entrar em uma livraria, sua intenção é circular pelo ambiente restrito à mídia impressa, mas é abordado por um amigo, aficionado por tecnologia, que, insistentemente, quer lhe apresentar as últimas novidades tecnológicas e as vantagens do mundo digital. Ele mostra que mesmo nesse ambiente, que antes era dominado por livros, a tecnologia está presente. Ressalta, também, que as pessoas, em sua maioria, circulam pela seção de produtos tecnológicos e de alguma forma, estão conectadas por meio de celular, tablet, smartphone, ipod, netbook etc. Desse diálogo entre você e o amigo, especialista em tecnologia, nasce a ideia e o material para produzir uma crônica. Escreva, então, essa crônica, apresentando o narrador em primeira pessoa e com diálogos que contribuam para o debate sobre o tema Até que Ponto a Tecnologia Tem Contribuído para o Desenvolvimento das Habilidades da Comunicação Verbal?