(PROSPOSTA DE REDAÇÃO)

Com base na leitura dos textos a seguir, redija um texto dissertativo-argumentativo com, no mínimo, 15 (quinze) linhas, que reflita criticamente sobre Como construir uma sociedade mais ética, utilizando argumentos que proporcionem uma reflexão sobre a sociedade atual. Seu texto deverá ser redigido segundo a norma-padrão escrita da Língua Portuguesa e desenvolvido de forma coerente e coesa.
TEXTO 1
Aulas de ética na rede
Filósofos fazem sucesso nas redes sociais ajudando a popularizar o termo tão em voga no país de hoje
Nos últimos anos, a ética deixou de ser um termo dissecado em herméticas aulas de filosofia para começar a ser discutido em ensolaradas mesas de bar, animados almoços de família e, principalmente, nas tempestuosas redes sociais. A popularização do tema, obviamente, é resultado das mudanças que o país vem sofrendo nos últimos anos. Mas para que a palavra não caia num vazio existencial, muitas pessoas têm se guiado por espécies de gurus das ciências humanas, intelectuais que não se furtam em ensinar pelos meios de comunicação mais democráticos o que são esses assuntos debatidos há milênios e tão em voga no Brasil de hoje. Os mais famosos são os professores Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal e Mario Sergio Cortella, todos eles filósofos.
(...)
“Ética é a ciência que estuda a moral”, afirma Clóvis de Barros Filho. “E a ética só existe no coletivo”, completa. Ou seja, ela só faz sentido na convivência e no reconhecimento do outro. Seja com um, dez, centenas, um país. Cortella explica que o termo é um conjunto de valores e princípios de avaliação de conduta que não existe se não for plural – de novo, a questão da vida em sociedade. “É a ética que orienta as três grandes questões da vida humana: Quero? Posso? Devo?”
(...)
As normas morais nada mais são do que um zelo pelo convívio social. (…) Essa normatização, que ocorre no convívio de duas, cinquenta, ou cinquenta mil pessoas é que se chama ética. As pessoas podem e devem seguir em busca dos seus desejos, desde que não agridam os outros, apontam os especialistas. É claro, como observa o professor Barros Filho, que quando tratamos desse assunto, é muito tentador pensar nas primeiras páginas dos jornais, onde não faltam histórias escabrosas de abalos de conduta. Mas há excelentes exemplos fora delas. “Não há problemas só no Palácio do Planalto ou no Congresso Nacional”, diz o professor.
(...)
Eis o ponto que explica por que muita gente tem dificuldade de incorporar a ética em sua rotina: “Ética pressupõe desconforto e maturidade”. (...) Mas o professor Barros Filho faz um alerta. Numa sociedade onde as práticas mais corriqueiras são desrespeitadas, a civilização fracassou. Talvez por isso a ética começou a ser tão discutida por aqui. “O mundo está vivendo a crise da transição num cenário turbulento de ambiguidades que leva a diferentes leituras éticas simultâneas. Talvez nunca se tenha discutido tanto o que vale e o que não vale, com o agravante de as próprias instituições atravessarem séria crise de credibilidade”, afirma Leandro Karnal. Se neste momento o país vive um desalento ao constatar a ausência de ética na sociedade, há uma boa notícia dentro desse desconforto: “Essa era uma palavra ausente do espaço público até 30 anos atrás”, diz Barros Filho. “Estamos vivendo uma revolução.”. E nas empresas não é diferente. Cortella afirma que as companhias adotam o tema não para ele ser tratado como um bem subjetivo, mas como um valor negociável. “A ética é um elo estrutural, uma salvaguarda para as empresas, pois hoje em dia elas também são punidas em caso de malfeito de um funcionário.”. E a pessoa nasce ou não ética? É possível aprender a ser ético? Essa é uma discussão antiga, de pelo menos dois mil anos. Barros Filho diz que há, sim, uma dimensão pedagógica, que pode ser aprendida na família, nas organizações religiosas, nas instituições de ensino e claro, nas empresas. Que nada mais é do que ensinar a respeitar os outros. “Afinal, o contrário de ético seria conduta canalha”, encerra o professor.
CRIVELLARO, Débora. Aulas de ética na rede. Disponível em:<https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/06/economia/1499365596_396207.html>. Acesso em: 6 set. 2018.
TEXTO 2

Disponível em: <http://psicologiaeticaedh.blogspot.com/2015/06/a-etica-em-freud.html>. Acesso em: 6 set. 2018.
TEXTO 3
O que é ética? Qual é a diferença entre ética e moralidade?
Nós, humanos, não vivemos sozinhos. Há uma infinidade de relações que estabelecemos o tempo todo – com a nossa família, com os nossos vizinhos, com os nossos amigos, com colegas de escola e trabalho, entre outras. Todos nós somos singulares: temos vontades, pensamentos e modos de expressão diferentes. Foi para possibilitar a vida em comum, ou seja, a vida ao lado das outras pessoas, e para garantir que todas elas possam agir que, ao longo dos anos, apareceu a noção de ética.
(...)
A palavra “ética” vem do grego éthikos e significa modos de ser. A ética pode ser entendida como a reflexão sobre o comportamento moral. (...) A ética, portanto, analisa os fatos morais a partir das noções de bem e mal, de justo e de injusto. Ela não diz a forma como as pessoas devem comportar-se, e sim pretende elaborar princípios de vida para orientar as ações humanas.
SANTOS, Wigvan Junior Pereira dos. O que é ética? Qual é a diferença entre ética e moralidade? Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/etica.htm>. Acesso em: 6 set. 2018.
TEXTO 4
A escandalosa falta de ética no Brasil
Essa falta generalizada de ética deita raízes em nossa pré-história. É uma consequência perversa da colonização. O país, sob qualquer ângulo que o considerarmos, é contaminado por uma espantosa falta de ética. O bem é só bom quando é um bem para mim e para os outros; não é um valor buscado e vivido, mas o que predomina é a esperteza, o dar-se bem, o ser espertinho, o jeitinho e a lei de Gerson.
Os vários escândalos que se deram a conhecer revelam uma falta de consciência ética alarmante. Diria, sem exagero, que o corpo social brasileiro está de tal maneira putrefato que onde quer que aconteça um pequeno arranhão já mostra sua purulência.
A falta de ética se revela nas mínimas coisas, desde as mentirinhas ditas em casa aos pais, a cola na escola ou nos concursos, o suborno de agentes da polícia rodoviária quando alguém é surpreendido numa infração de trânsito até em fazer pipi na rua.
(...)
Para sermos brevíssimos: tudo deve começar na família. Criar caráter (um dos sentidos de ética) nos filhos, formá-los na busca do bem e da verdade e não se deixar seduzir pela lei de Gerson e evitar, sistematicamente, o jeitinho. Princípio básico: tratar sempre humanamente o outro. Tomar absolutamente sério a lei áurea: “não faça ao outro o que não quer que te façam a ti”. Siga o princípio de Kant: que o princípio que te leva fazer o bem seja válido também para os outros. Oriente-se pelos dez mandamentos que são universais. Traduzidos para hoje: o “não matar” significa, venere a vida, cultive uma cultura da não violência. O “não roubar”: aja com justiça e correção e lute por uma ordem econômica justa. O “não cometer adultério”: amem-se e respeitem-se, e obriguem-se a uma cultura da igualdade e parceria entre o homem e a mulher.
Isso é o mínimo que podemos fazer para arejar a atmosfera ética de nosso país. Repetindo o grande Aristóteles: “não refletimos para saber o que seja a ética, mas para tornarmo-nos pessoas éticas”.
OFF, Leonardo. A escandalosa falta de ética no Brasil. Disponível em: <https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/A-escandalosa-falta-de-etica-no-Brasil/4/36455>. Acesso em: 6 set. 2018.