Pai (Horácio): – O tio Beto!
Filho (Juan/Ernesto): – Como?
Mãe (Cristina): – Você ouviu. O tio Beto.
Pai (no velório): – Companheiros, apesar da tristeza, quero lembrar do meu irmão com dignidade. Ele me disse que a felicidade era sorrir. Que era acreditar, ter fé. Acreditar tanto, que acabava sendo possível. E viver assim. Ele tinha essa característica. Apesar de se divertir com tudo que fazia... nunca perdeu suas convicções mais profundas. Hoje, sei que até o último segundo ele foi feliz.
— (brinde) Pela coragem do meu irmão!
— Ao companheiro Beto!
— (vozes) Presente!
— Ao companheiro Beto, cacete!
— (vozes) Presente!
— Perón ou morte!
— (vozes e brindes) Viva a pátria!
[...]
Juan/Ernesto: – Como foi?
Mãe: — Essas coisas acontecem.
Juan/Ernesto: — Eu sei. Mas quero saber a verdade.
Pai: — Tudo bem. Tudo bem. Fomos fazer uma entrega no centro... estava tudo sobre controle. Quando desci para fazer a entrega... vi seu tio com as mãos para cima. Com um policial atrás. Não sei o que aconteceu. Não sei. Ele deve ter visto alguma coisa, porque começou a gritar... Ele disse que não era nada... mas chegaram mais policiais. Beto se moveu... e disse:
— Não vão me pegar vivo. Pegou uma granada... abraçou o policial e se jogou no furgão. Foi tudo pelos ares. Caramba! É uma questão de segundos.
Juan/Ernesto: — Eu precisava dele vivo. Quem ele pensa que é?
INFÂNCIA Clandestina.Direção: Benjamín Ávila. Produção: Luis Puenzo; Paulo Roberto Schmidt;Charles Porta e Oscar Rodriguez. Intérpretes: Teo Gutiérrez Romero;Ernesto Alterio; César Troncoso;Natália Oreiro; Violeta Polucas e outros. Roteiro: Benjamín Ávila e Marcelo Muller. Música: Linvig de Trincheiras. Argentina, 2011. 1 DVD (112 min), color.
O filme Infância Clandestina, de acordo com o diálogo transcrito e a obra,