Questão
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
2014
Fase Única
Pai-Horacio-tio-Beto277cd000300
Pai (Horácio): – O tio Beto!

Filho (Juan/Ernesto): – Como?

Mãe (Cristina): – Você ouviu. O tio Beto. 

Pai (no velório): – Companheiros, apesar da tristeza, quero lembrar do meu irmão com dignidade. Ele me disse que a felicidade era sorrir. Que era acreditar, ter fé. Acreditar tanto, que acabava sendo possível. E viver assim. Ele tinha essa característica. Apesar de se divertir com tudo que fazia... nunca perdeu suas convicções mais profundas. Hoje, sei que até o último segundo ele foi feliz.

— (brinde) Pela coragem do meu irmão!

— Ao companheiro Beto!    

— (vozes) Presente!

— Ao companheiro Beto, cacete!

— (vozes) Presente!

— Perón ou morte!

— (vozes e brindes) Viva a pátria!

 [...]

Juan/Ernesto: – Como foi?

Mãe: — Essas coisas acontecem.

Juan/Ernesto: — Eu sei. Mas quero saber a verdade.

Pai: — Tudo bem. Tudo bem. Fomos fazer uma entrega no centro... estava tudo sobre controle. Quando desci para fazer a entrega... vi seu tio com as mãos para cima. Com um policial atrás. Não sei o que aconteceu. Não sei. Ele deve ter visto alguma coisa, porque começou a gritar... Ele disse que não era nada... mas chegaram mais policiais. Beto se moveu... e disse:

— Não vão me pegar vivo. Pegou uma granada... abraçou o policial e se jogou no furgão. Foi tudo pelos ares. Caramba! É uma questão de segundos.

Juan/Ernesto: — Eu precisava dele vivo. Quem ele pensa que é?

INFÂNCIA Clandestina.Direção: Benjamín Ávila. Produção: Luis Puenzo; Paulo Roberto Schmidt;Charles Porta e Oscar Rodriguez. Intérpretes: Teo Gutiérrez Romero;Ernesto Alterio; César Troncoso;Natália Oreiro; Violeta Polucas e outros. Roteiro: Benjamín Ávila e Marcelo Muller. Música: Linvig de Trincheiras. Argentina, 2011. 1 DVD (112 min), color.

O filme Infância Clandestina, de acordo com o diálogo transcrito e a obra,
A
expõe o terrorismo que afeta o mundo globalizado e o seu reflexo sobre o universo infantil povoado de medo, de violência, de perdas.
B
constitui uma reprodução do mundo histórico, do mundo social compartilhado pelos diversos países da América Latina no início do século XXI.
C
busca resgatar, por meio da visão de uma criança argentina refugiada no Brasil, o seu próprio passado, marcado por torturas físicas e por perda de identidade.
D
reconstitui imagens chocantes da violência urbana contra adultos e crianças, estabelecendo um paralelo entre as realidades argentina e brasileira no período das ditaduras militares, na América Latina.
E
retrata a visão de um olhar infantil que conviveu com um cenário complexo e ameaçador, de repressão e medo, apresentado, às vezes, por meio de histórias em quadrinhos, por sonhos ou por associações figurativas e musicais.