O Pajé vibrou o maracá* e saiu da cabana, porém o estrangeiro não ficou só.
Iracema voltara com as mulheres chamadas para servir o hóspede de Araquém e os guerreiros vindos para obedecer-lhe.
– Guerreiro branco, disse a virgem, o prazer embale tua rede durante a noite e o Sol traga luz a teus olhos, alegria à tua alma.
E, assim dizendo, Iracema tinha o lábio trêmulo e úmida a pálpebra.
– Tu me deixas? perguntou Martim.
– As mais belas mulheres da grande taba contigo ficam.
– Para elas a filha de Araquém não devia ter conduzido o hóspede à cabana do Pajé.
– Estrangeiro, Iracema não pode ser tua serva. É ela que guarda o segredo da jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã.
O guerreiro cristão atravessou a cabana e sumiu-se na treva.
* maracá: chocalho indígena usado em cerimônias religiosas e guerreiras.
(Iracema, 2012.)
Nessa passagem de Iracema, verifica-se uma informação crucial para o desenvolvimento da trama do romance, que é o