Para Pierre Bourdieu, sociólogo francês, ao ignorar que as aptidões dos alunos não se devem somente aos “dons naturais” e méritos pessoais – os quais são, por vezes, hipotéticos – a escola transmite, por meio dos dispositivos pedagógicos que emprega, a cultura das classes dominantes. Todo ensino, e mais particularmente os ensinos de cultura e de ciências, pressupõem implicitamente um corpo de saberes, de saber-fazer e sobretudo de saber-dizer que constitui o patrimônio cultural das elites e que somente os estudantes mais adaptados a todo esse patrimônio é que conseguem mais chances de sucesso escolar – tirar notas boas, passar de série, ter êxito em vestibulares e concursos. E, de modo geral, os filhos das classes baixas e trabalhadoras não cultivam no âmbito familiar todo esse patrimônio cultural. Esta perspectiva de Bourdieu aponta como a escola, na verdade, não é de fato um instrumento democrático de mobilidade social, mas, ao contrário, pode exercer um papel crucial na legitimação do poder das classes dominantes sobre toda a sociedade.
De acordo com o enunciado acima, é correto concluir que