[...] Para quem está desempregado, a participação em processos seletivos é um momento crucial. Os recrutadores fazem perguntas e dinâmicas que vão definir se o candidato se encaixa ou não no perfil da empresa. O problema é quando o tal perfil não inclui a pele negra ou o cabelo black power. Desde 2018, o morador de Ceilândia, Matheus Dourado, 21 anos, busca uma oportunidade de trabalho. De lá para cá, participou de mais de 70 processos seletivos, sem sucesso. [...] Matheus relata que questionaram se ele tinha interesse de fazer faculdade. Ele respondeu que sim. O recrutador disse, então, que Matheus não poderia ficar com a vaga porque seria difícil conciliar trabalho e estudo [...]. Em outras ocasiões, a aparência foi questionada. “Já perguntaram se eu podia cortar meu cabelo ou fazer outra coisa, porque não era o perfil do lugar, mas não me sinto bem com o cabelo cortado ou de outra forma”, conta. [...] A experiência, porém, não tem sido suficiente nas seleções: muitas vezes, até se interessam pelo currículo, mas, quando o veem pessoalmente, recrutadores mudam de atitude. “Na entrevista, as pessoas já me olham de cima a baixo. Não só por ser negro, mas também por ser uma pessoa LGBTQI+ e afeminada”, revela.
ARAÚJO, Ana L.; LISBOA, Ana Paula. Empresas ainda desperdiçam talentos negros por causa do racismo. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/. Acesso em: 20 de abril de 2023. (Texto adaptado).
A) Explique como o conceito de violência simbólica, tal como definido por Pierre Bourdieu, pode ser utilizado para compreender a ação dos recrutadores de emprego no exemplo acima.
B) Explique como a concepção de relativismo cultural pode desfazer as visões preconceituosas enfrentadas pelo jovem negro no mercado de trabalho.