Questão
Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos - FACISB
2025
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Para responder à questão, leia o trecho do livro O gene: uma história íntima, do médico e escritor Siddhartha Mukherjee.

E se aprendêssemos a mudar de modo intencional o nosso código genético? Se tais tecnologias estivessem disponíveis, quem as controlaria e quem garantiria sua segurança? Quem seriam os senhores e quem seriam as vítimas dessa tecnologia? De que forma a aquisição e o controle desse conhecimento alterariam o modo como imaginamos nossas sociedades, nossos filhos e nós mesmos?

Este livro é a história do nascimento, crescimento, influência e futuro de uma das mais poderosas e perigosas ideias na história da ciência: o “gene”, a unidade fundamental da hereditariedade e a unidade básica de toda a informação biológica.

Três ideias profundamente desestabilizadoras ricochetearam por todo o século XX e se dividiram em três partes desiguais: o átomo, o byte e o gene. Cada uma começou a vida como um conceito científico muito abstrato, mas acabou por invadir numerosos discursos humanos e, com isso, transformou a cultura, a sociedade, a política e a linguagem. No entanto, o paralelo mais crucial entre essas ideias é conceitual: cada uma representa a unidade irredutível de um todo maior: o átomo, da matéria; o byte (ou “bit”), da informação digitalizada; o gene, da hereditariedade e informação biológica.

Por que essa propriedade de ser a menor unidade divisível de uma forma maior confere tanto poder e força a essas ideias específicas? A resposta simples é que matéria, informação e biologia são, em essência, organizadas de forma hierárquica, e entender essa menor parte é crucial para entender o todo. Quando o poeta Wallace Stevens escreve: “Na soma das partes só existem as partes”, ele se refere ao profundo mistério estrutural que existe na linguagem: só podemos decifrar o significado de uma sentença decifrando cada palavra individualmente; no entanto, uma sentença contém mais significado do que qualquer uma das palavras individualmente. Isso vale para os genes. Um organismo é muito mais do que seus genes, é óbvio, mas para entender um organismo precisamos entender seus genes.

O átomo, o byte e o gene trazem noções científicas e tecnológicas fundamentalmente novas sobre seus respectivos sistemas. Não podemos explicar o comportamento da matéria sem invocar a natureza atômica da matéria. Não podemos entender as complexidades da computação sem compreender a anatomia estrutural da informação digitalizada. “A alquimia não pôde se tornar química antes que se descobrissem suas unidades fundamentais”, escreveu um cientista do século XIX. De maneira análoga, como procuro mostrar neste livro, é impossível entender a biologia de organismos e células ou a evolução sem primeiro lidar com o conceito de gene.

(O gene: uma história íntima, 2016. Adaptado.)

Siddhartha Mukherjee tece comentários metalinguísticos
A
no segundo e no terceiro parágrafos.
B
no segundo e no quinto parágrafos.
C
no primeiro e no segundo parágrafos.
D
no terceiro e no quarto parágrafos.
E
no quarto e no quinto parágrafos.