Questão
Universidade Nova Iguaçu - UNIG
2018
Fase Única
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Paranoia ou mistificação?

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e, em consequência disso, fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e, adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxíteles, na Grécia, é Rafael, na Itália, é Rembrandt, na Holanda, é Rubens, em Flandres, é Reynolds, na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn, na Suécia, é Rodin, na França, é Zuloaga, na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis imorredouros. A outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos de cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são fruto de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz de escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento. (LOBATO. 2017).

A crítica de Monteiro Lobato está relacionada a uma expressão artística, fruto das transformações pelas quais passava a sociedade brasileira na sua época. Esta crítica se refere
A
ao barroco, expressão artística que, no Brasil, representou a sociedade imperial do Primeiro Reinado, marcada pelo contestação à ordem escravocrata e latifundiária da nascente burguesia industrial.
B
ao realismo, estilo artístico representativo da experiência republicana, vivenciada no Período Regencial, caracterizada pelo reconhecimento das reivindicações sociais das camadas populares pelo governo.
C
ao neoclassicismo, corrente literária que simbolizava a alteração da estrutura agroexportadora, no Segundo Império, e o surgimento de novos atores sociais, os trabalhadores imigrantes.
D
ao modernismo, cuja proposta de liberdade artística, rompendo com os padrões estabelecidos pela Academia Brasileira de Letras, refletia o processo de industrialização e de urbanização, no período final da Primeira República.
E
ao surrealismo, cuja proposta estética se identificava com as concepções ideológicas do Estado Novo varguista, caracterizado pela aliança com o fascismo integralista, de características ultranacionalista.