Paranoia ou mistificação?
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e, em consequência disso, fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e, adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxíteles, na Grécia, é Rafael, na Itália, é Rembrandt, na Holanda, é Rubens, em Flandres, é Reynolds, na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn, na Suécia, é Rodin, na França, é Zuloaga, na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis imorredouros. A outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos de cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são fruto de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz de escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento. (LOBATO. 2017).
A crítica de Monteiro Lobato está relacionada a uma expressão artística, fruto das transformações pelas quais passava a sociedade brasileira na sua época. Esta crítica se refere